O calor que parece ter chegado ao Paraná deve dar impulso à movimentação nas praias do Estado e também nas de Santa Catarina. Se por um lado as férias e o fim de ano pedem consecutivos mergulhos, por outro é preciso cautela antes de sair se jogando mar adentro. Ficar de olho nos pontos impróprios para banho é uma maneira de garantir dias mais tranquilos.

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No Paraná, o boletim semanal da balneabilidade começa a ser divulgado a partir de 22 de dezembro. Em Santa Catarina, onde o escoamento irregular de esgoto sanitário e o excesso de chuvas deixaram críticos muitos pontos do litoral na temporada passada, 80% das praias avaliadas são consideradas próprias
para banho em 2016.

Determinar se há padrão suficiente para garantir a qualidade águas destinadas à recreação no mar ou em rios a chamada balneabilidade é uma responsabilidade dos órgãos ambientais no caso do Paraná, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

As conclusões seguem as condições estabelecidas na resolução 274/2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), documento que estipula os indicadores microbiológicos que podem separar um curso de água bom de um ruim.

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No litoral paranaense, o parâmetro usado para medir a qualidade das praias é a presen ça da Escherichia coli, uma bactéria que, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), é abundante em fezes humanas e de animais. Ela pode causar desde uma simples diarreia até uma infecção no trato respiratório, por exemplo. Para a amostra não ser “reprovada” a exigência é de que contenha, no máximo, 800 Escherichia coli a cada 100 mililitros (ml) de material coletado. Isso tudo em 80% ou mais de um conjunto de amostras colhidas durante cinco semanas anteriores e de forma consecutiva. Ou seja, o primeiro resultado de cada temporada só pode ser realizado cinco semanas depois do início da coleta das amostras.

Ainda que já tenha tentado manter indicativos de águas de mar e rio durante todo o ano, hoje o IAP realiza os testes apenas na alta temporada. O fato de as alterações se mostrarem praticamente nulas fora da época de turismo extinguiu a necessidade de um acompanhamento ininterrupto.

Se por um lado as férias e o fim de ano pedem muitos mergulhos, por outro é preciso cautela. Foto: Josué Teixeira.

Impacto Ambiental

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O sistema de esgotamento sanitário ainda é o principal problema que afeta a balneabilidade nas praias do Paraná. Mas, de acordo com a diretora do IAP, não é só a falta dele que prejudica. A desatenção dos moradores somada a chuvas mais frequentes nessa época do ano aumentam as possibilidades
de que dejetos orgânicos sejam lançados ao mar.

“Quando chove, as fossas extravasam, e como temos um lençol freático muito alto no Litoral, acaba chegando nos rios e depois nas praias”, alerta. “E temos que levar em conta que há uma população flutuante muito alta, até cinco ou seis vezes acima do normal nessa época do ano. Aí a própria rede começa a ter problemas”. Nos municípios atendidos pela Sanepar no litoral do Paraná, Guaraqueçaba tem o maior índice de atendimento com rede coletora de esgoto (91,33%). Na outra ponta aparece Pontal do Paraná, com 26,98% dos limites atendidos por rede coletora.

SC em situação melhor

Foi a sobrecarga que, na temporada passada, contribuiu para momentos críticos vividos em parte do litoral catarinense. Canasvieiras, uma das praias mais famosas de Florianópolis, chegou a ser declarada totalmente inapropriada para banho logo no início do ano. “A estação de tratamento não aguentou
a carga. Claro. Um local preparado para 50 mil pessoas e que recebe 300 mil no verão é complicado”, comenta Alexandre Waltrick Rates, diretor da Fundação do Meio Ambiente (Fatma), órgão ambiental de Santa Catarina.

Ele conta que ao longo deste ano uma série de obras foram definidas entre a prefeitura e a concessionária de saneamento da ilha, o que deve dar um alívio na região de Canasvieiras nesta temporada. Quanto ao Litoral Norte de Santa Catarina, que engloba praias de São Francisco do Sul, Penha, Balneário Camboriú, entre outras, o panorama mostra um verão “muito bom”. De acordo com Rates, dos aproximadamente 600 moradores que cercavam o Rio do Braz – rio contaminado e que atingiu o mar em Canasvieiras -, apenas cem deles tinham feito conexão com a rede disponível.

No Paraná, o boletim semanal da balneabilidade começa a ser divulgado a partir de 22 de dezembro. Foto: Arquivo.

Por aplicativo

Vai curtir as praias catarinenses?Além de poder acompanhar a balneabilidade do Litoral vizinho pelo site da Fatma,também é possível acessar o relatório completo pelo aplicativo Praias SC, disponível para smartphones com sistema operacional Android.

Doenças pós-banho

A alta concentração de bactérias em praias ou rios pode ser sinônimo de doenças. Por isso, respeite a balneabilidade e evite entrar em água considerada imprópria. Segundo o médico infectologista José Luiz de Andrade Neto, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e da Universidade
Federal do Paraná (UFPR), banhistas que se arriscam ao aproveitar o dia em trechos com alerta podem desenvolver diversas complicações, entre elas hepatite A, diarreia infecciosa, contaminação por salmonela, e, em casos mais raros no Sul, cólera e esquistossomose.

Quanto à contaminação por hepatite A, Andrade Neto ressalta que a transmissão ocorre quando o indivíduo deglute a água no caso de mergulhos. “A hepatite A desenvolve um quadro infeccioso, perda de apetite, náusea, fraqueza, o paciente pode vomitar e ficar com febre, além de apresentar icterícia”,
aponta. Embora exista vacina, a melhor prevenção para qualquer tipo de doença que se adquire por via fecal e oral continua sendo não entrar no trecho considerado impróprio Conforme o médico, o mesmo rigor aplicado por órgãos ambientais no litoral vale para quem costuma manter áreas de banho em sítios e chácaras.(AM).

Taxa

Pelo terceiro verão consecutivo, Bombinhas, no litoral catarinense, cobrará a chamada Taxa de Proteção Ambiental de quem quiser visitá-la. Nesta temporada, a cobrança vai até 15 de abril. O valor para veículos de pequeno porte é de R$ 24 por 24 horas. Mas se a pessoa permanecer mais tempo no município, sem sair para cidades vizinhas, por exemplo, ela paga apenas uma taxa pelo período total. Não pagar a taxa pode implicar em juros e multa, além da na inclusão do nome do proprietário do veículo em cadastro de inadimplentes.

É essencial respeitar a balneabilidade e evitar águas impróprias. Foto: Hugo Harada.