Devido às condições climáticas encontradas nesta época do ano, com secas e geadas, proliferam-se incêndios em toda área rural do País. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o número de incêndios nas florestas do Paraná saltou de 374 em todo o ano passado, para 2.642 apenas nos primeiros seis meses de 2002. Segundo o Ibama, inúmeras são as razões para ocorrência desse tipo de acidente. Estatísticas apontam que, a cada dia, catorze incêndios florestais acontecem no Paraná. Somente no Paraná, Estado que possui oito mil torres de linhas de transmissão da Eletrosul, mais de 14 milhões de pessoas podem ser prejudicadas com a falta de energia ocasionada pelas queimadas.

Preocupadas com o prejuízo ocasionado pelas queimadas, empresas e entidades têm se mobilizado para combater a prática, entre elas a Eletrosul, a Defesa Civil do Paraná, o Corpo de Bombeiros, o Simepar e a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS). Durante a semana, o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, anunciou no Oeste do Paraná, a liberação de uma verba extra de R$ 5 milhões para o combate dos incêndios florestais.

O calos e os gases gerados (fumaça) pelo fogo das queimadas torna o ar um condutor elétrico, provocando curto-circuito, que pode causar, além de desligamentos, descargas elétricas no solo. Como as linhas são interligadas, poderão ser afetadas determinadas áreas, cidades ou Estados inteiros. “Com a interrupção de energia elétrica em um hospital, por exemplo, o prejuízo não se restringe ao aspecto financeiro, mas pode acontecer até mesmo perdas de vidas”, salienta o presidente da Eletrosul, Ruberval Pilotto.

A Eletrosul realiza desde 1980 campanhas contra queimadas junto às Linhas de Transmissão e Subestações, alertando especialmente os agricultores quanto aos perigos desta prática. A iniciativa consiste em divulgar nas prefeituras, cooperativas, fóruns, sindicatos rurais, proprietários e arrendatários do campo, sobre os riscos do manejo mal executado das queimadas. “No Paraná, técnicos e eletricistas vão de casa em casa para orientar a população quanto às queimadas. Há também o 0800-488048 da Eletrosul, que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana”, afirma o gerente da Regional de Transmissão do Paraná, Moacir Bertol.

Crime

Desde julho de 1998, as queimadas nas áreas consideradas de risco das empresas de energia elétrica são tratadas como crime pelo Decreto 2.661, que proíbe atear fogo numa faixa de 15 metros dos limites das faixas de segurança das Linhas de Transmissão e de 100 metros ao redor das subestações. Aqueles que não estiverem de acordo com a legislação, estarão sujeitos a uma série de penalidades, como pagamento de multas, indenização por danos causados e até mesmo ações civis e criminais.

O Ibama explica que existe uma diferença entre incêndio, queimadas e focos de calor, sendo que os três são igualmente responsáveis pelos danos causados ao meio ambiente. A expressão “foco de calor” é utilizada para interpretar o registro de calor captado na superfície do solo por um setor instalado em um satélite. Esse sensor registra qualquer temperatura acima de 47ºC e a interpreta como sendo um foco de calor. Um foco de calor, porém, não é necessariamente fogo ou incêndio. Já o incêndio é o fogo sem controle que incide sobre qualquer forma de vegetação, provocado pelo homem (intencional ou negligência), ou por uma causa natural, como raios, por exemplo.

A queimada é uma antiga prática agropastoril ou floresta que utiliza o fogo para viabilizar a agricultura ou renovar as pastagens. O Instituto Ambiental do Paraná (IAP), alerta que as queimadas são proibidas por lei em todo o território paranaense. Caso o agricultor queira realizar queimada, ele deverá preencher um requerimento junto ao IAP ou ao Ibama a fim de receber uma autorização para executá-la. Além disso, as queimadas, quando autorizadas, devem acontecer nos dias estipulados pelo órgão responsável e com a presença do Corpo de Bombeiros.

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