A gripe continua sendo causa de mortes no Paraná. De janeiro a junho de 2014, foram quatro óbitos – contra 61 em 2013 inteiro, mas o risco de fatalidade da doença não reduz de um ano para outro. Este ano, o monitoramento da Secretaria de Estado da Saúde, realizado pelas 52 unidades sentinelas espalhadas pelo Paraná, já registrou 386 casos de gripe. Destes, 103 foram de pacientes internados em UTIs. O número é ainda bem menor que o registrado em 2013 (1.700 casos), mas ainda assim a preocupação é grande e o acompanhamento é realizado diariamente.
Como bem lembra o infectologista Jaime Rocha, a epidemia que assustou o mundo em 2009 só não voltou mais com tanta intensidade por conta da prevenção. Desde a pandemia de cinco anos atrás, os números de casos vêm reduzindo, porém, de maneira até irresponsável, o índice de pessoas imunizadas também está menor. Na rede pública o governo tem ampliado os grupos que recebem a vacina contra gripe. Vale ressaltar que as quatro pessoas que morreram de gripe este ano no Estado – em Arapongas, São José dos Pinhais, Ponta Grossa e Sarandi – tinham direito à dose gratuitamente e não tomaram.
Este ano, com a meta de vacinação dos grupos prioritários atingida em três semanas de campanha, segundo o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Sezifredo Paulo Alves Paz, foi possível ampliar a distribuição chegando a crianças com até dez anos. Até então, eram vacinados na rede pública idosos com mais de 60 anos, crianças com idade entre seis meses e menores de cinco anos, gestantes, mulheres com pós-parto de até 45 dias, doentes crônicos, trabalhadores de saúde, indígenas, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional.
Sobram doses
Porém, na rede privada, em que uma dose custa R$ 80, a busca caiu pela metade em relação a 2013. Enquanto no ano passado o Laboratório Frischmann Aisengart, um dos maiores do Paraná, comercializou as 32 mil doses encomendadas, com procura exacerbada pela medicação, neste ano a busca tem sido muito pequena. O laboratório vacinou apenas 21.201 pessoas, restando mais de 19 mil doses disponíveis ainda.
Para especialistas, um dos grandes erros da população é esperar ser acometida por uma gripe para então ir atrás da vacinação. Isso contribui para o aumento de casos, podendo levar a um novo surto. “A população deve tomar a vacina para prevenir um surto de gripe, como aconteceu em anos anteriores. O organismo leva cerca de 15 dias para ter uma resposta imunológica e começar a proteção, logo, não se pode esperar que a situação se agrave para, então, tomar a vacina”, afirma o infectologista Jaime Rocha.
De olho na prevenção, dona Teodora Vanegas, 89 anos, já se imunizou. Ela não perde uma campanha de vacinação e vai sempre na companhia do filho. “Todo ano ela toma, este ano já está imunizada”, conta o filho da aposentada, Oscar Marinero. O mesmo acontece com seu Antônio Viera, 84 anos, que faz questão de ser um dos primeiros a ser vacinado na Unidade de Saúde Salgado Filho, no Uberaba. “Não deixo de tomar. Quando abrem a campanha já recorro à unidade de saúde. Não fico sem minha vacina”, comenta.
População deve rejeitar os boatos
Mesmo com tantas campanhas de combate à gripe, a vacinação ainda é cercada de lendas e mitos. É exatamente esta falta de informação que afasta muitas pessoas. Segundo o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde , Sezifredo Paulo Alves Paz, existem muitos boatos que não deveriam ser levados à sério pela população. Entre eles, o mito de que a vacina pode manifestar o vírus da gripe na pessoa. “Tomei a vacina pela primeira vez este ano. Não me le,mbrava quando tive a última gripe e agora fiquei gripado depois da vacina. Foram quatro dias que fiquei muito mal. Não tomo mais”, reclama o aposentado Cid Carlos, 74 anos.
Mas a afirmação é rebatida pelo superintendente da Secretaria Estadual de Saúde. Sezifredo Paz afirma que leva cerca de 15 dias até que a imunização faça efeito e que neste período é possível que o vírus incubado se manifeste, mas não por conta da vacinação em si. “Isso não existe. A vacina não causa a gripe, provavelmente o vírus deveria estar incubado e acaba sendo uma coincidência. É muito comum que pessoas nesta época tenham gripe, ou que esteja num período de incubação, mas você leva até 15 dias para ter a imunidade depois que recebe a dose da vacina”, explica.
Todo ano
Desde 2009 se imunizando contra a gripe, o aposentado Antônio José Vieira, 84 anos, aconselha todos a se vacinarem. Ele assegura que desde que vem recebendo as doses anuais de vacina não teve mais gripe. “Todos os anos eu me vacino e nunca tive qualquer reação. Falo para todo mundo que tome a vacina, porque só te faz bem”, recomenda.
O infectologista Jaime Rocha lembra ainda que a vacina não combate um único vírus e que todos os anos é preciso repeti-la. ‘A vacina combate vários tipos de vírus da gripe, não apenas o H1N1, e praticamente extingue a possibilidade de contrair a doença. Quem já tomou a vacina em anos anteriores deve repetir a dose, pois o vírus da gripe sofre mutações e se torna resistente, exigindo uma vacina reformulada para combatê-lo’, diz.
Na dúvida, procure médico!
Não é apenas a vacina contra a gripe que pode erradicar uma das doenças mais comuns e que também pode ser mortal, principalmente nos meses de inverno, em especial entre os meses de junho e agosto. Cuidados com pequenas ações podem livrar a população da doença que este ano já matou quatro pessoas no Paraná. Lavar bem as mãos, manter os locais de circulação de pessoas bem ventilados e usar álcool em gel são algumas das orientações de médicos e especialistas.
Mas também é preciso ficar atento aos sintomas. O superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde , Sezifredo Paulo Alves Paz, alerta que a qualquer sintoma de gripe, a pessoa precisa procurar uma unidade de saúde e jamais fazer a automedicação. “Se a pessoa tiver febre, tosse, dor de garganta precisa procura uma unidade de saúde. A orientação é que a qualquer sintoma seja ministrado o Tamiflu (medicamento antiviral) e então o caso será investigado. Toda pessoa que tem os sintomas de gripe tem o caso investigado”, explica Sezifredo. “Quando o antiviral é ministrado em até 48 horas do início dos sintomas o combate ao vírus acontece rapidamente”, ressalta.