Nove brasileiros perderam a vida tragicamente no exterior nesse fim de semana que passou. Quatro deles eram paranaenses. Dois dekasseguis de Maringá foram atropelados no Japão e outros dois fazendeiros da região de Guarapuava foram assassinados pelo sócio na Venezuela.
O acidente com a morte de sete dekasseguis ocorreu por volta das 5h30 de domingo. Os jovens voltavam para Oumi, cidade onde moravam, depois de participarem de uma festa na cidade de Nagoya. O maringaense Rafael Kawakami, 19 anos, estava no grupo. Ele morava no Japão há seis meses e junto com os outros dekasseguis trabalhava em uma fábrica de autopeças. Planejava voltar ao Brasil em três anos para investir o dinheiro.
Segundo o tio de Rafael, Satochi Kawakami, a tragédia ocorreu depois que um caminhão bateu na minivan onde os jovens estavam. Sem ferimentos, eles saíram do veículo e resolveram esperar no acostamento. Em seguida, um segundo caminhão e um carro que vinham atrás não conseguiram frear e também se chocaram. O terceiro caminhão, dirigido por Takehiro Matsuzaki, 39 anos, ao tentar desviar dos veículos fez uma manobra brusca e acabou batendo em dois ônibus e atropelando os sete brasileiros. As vítimas teriam sido arrastadas por mais de 30 metros. O motorista foi preso pela polícia.
O tio conta que Rafael fez aniversário na última sexta-feira e, antes de sair para a festa, conversou com a família. No domingo pela manhã chegou ao Brasil a notícia do acidente e da morte de Rafael. ?A gente não esperava uma coisa dessas. O meu filho partiu em busca de trabalho. Estava bem e feliz?, lamentou o pai Maurício Kawakami.
O outro paranaense é Márcio Tamashiro, 32 anos. Ele nasceu em Maringá, mas morava em Campinas (SP) desde 1982. O dekassegui Reinaldo Tamashiro, irmão de Márcio, disse no domingo que a família e os amigos estavam inconformados. ?Eles eram todos colegas do meu irmão e estavam trabalhando há pouco tempo com ele na mesma fábrica. Todo o mundo está muito abalado com a notícia?, revela. Segundo ele, foi decretado um dia de luto na fábrica de autopeças em que também trabalhava com o irmão.
Os outros brasileiros identificados pela polícia japonesa foram José Roberto Franco Júnior, de 21 anos, Alexsandro Teru Nishioca, 24, Gustavo Rosa Belgamin, 19, Júlio César Yugikina, 18, e Thiago Chinen Kazuo, 19. O Ministério das Relações Exteriores informou ontem que o consulado em Nagóia aguarda a decisão de cada família sobre o destino dos corpos – se serão enterrados ou cremados no Japão ou se serão transladados para o Brasil. O governo japonês, em princípio, estaria disposto a arcar com as possíveis despesas, que não podem legalmente ser assumidas pelo Itamaraty.
Venezuela
Outra tragédia ocorreu neste fim de semana envolvendo paranaenses, porém na Venezuela. O fazendeiro Arno Esser e o filho foram assassinados pelo sócio, Policarpo Somoza, à tiros no meio de uma plantação de soja. Arno tinha cidadania venezuelana e morava no país há oito anos. Junto com os filhos administrava uma fazenda de 2,3 mil hectares de soja, na cidade de Maturin, estado de Monagas, distante 600 quilômetros da capital Caracas. O irmão da vítima tem um comércio na cidade de Guarapuava e disse que ainda não sabia o motivo do crime. Segundo ele, o sócio era como se fosse uma pessoa da família. O comerciante está tentando trazer o irmão e o sobrinho para serem sepultados no Brasil.