Parte dos passageiros do transporte coletivo de Curitiba e região deixou de pagar a passagem para embarcar na manhã desta quinta-feira (26). Após uma reunião na noite de quarta-feira (25), ficou decidido que os motoristas circulariam normalmente, mas a presença dos cobradores era dúvida.
Nesta manhã, algumas linhas circulavam sem os cobradores, mas, ao mesmo tempo, havia ônibus com os profissionais cobrando as passagens, assim como estações-tubo.
Questionada sobre o cumprimento da jornada, uma cobradora que não quis se identificar afirmou que foi trabalhar por orientação da empresa. Já outro motorista que também preferiu o anonimato disse que estava abrindo a porta traseira para o embarque dos passageiros. Por volta das 8h30, algumas estações-tubo estavam com cobradores, mas eles não estavam cobrando a passagem mesmo assim.
Profissionais que trabalham em terminais de ônibus também deixaram de trabalhar. Os locais estavam abertos e sem fiscalização. Quem procurou o ônibus da Linha Turismo também entrou sem pagar a tarifa, que custa R$ 29,00.
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) expressou repúdio à atitude do Sindimoc, que promoveu greve dos cobradores nesta quinta-feira (26), em dia de jogo da Copa do Mundo em Curitiba e contrariando pedido do Juízo para que não houvesse paralisação, já que uma nova audiência está marcada para amanhã (27).
O sindicato disse ainda que, mesmo com risco de prejuízo às empresas, orientou suas filiadas a liberar 100% da frota de ônibus para circulação, mesmo sem os cobradores.
Negociações
O Setransp afirmou ontem que os veículos circulariam com motoristas e cobradores trabalhando, o que dá continuidade ao impasse entre as categorias. “A posição do Setransp é que existe a lei e que os ônibus vão sair com a tripulação completa, que é de motoristas e cobradores”, garantiu o presidente da entidade, Maurício Gullin. “O que vai ocorrer está na mão do Sindimoc, mas acarretará em consequências, ainda mais que estamos em conversação para evoluir”, completou.
Leonardo Coleto |
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Passageiros entravam pela porta traseira, sem pagar a passagem. |
Braços cruzados
O indicativo de greve dos cobradores entrou em vigor na última segunda-feira (23). Quarta-feira (25) trabalhadores e empresários se reuniram em uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), mas não chegaram a um acordo. Logo após a reunião, o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, percorreu algumas empresas para conversar com os trabalhadores, que demonstraram ser favoráveis à greve.
“O que evitaria a greve seria uma proposta patronal, mas isso infelizmente não aconteceu. A revolta está grande e a greve é inevitável”, afirmou Teixeira ao Paraná Online, às 23h de quarta-feira (25).
Urbs pede frota mínima nas ruas
O advogado do Sindimoc, Elias Mattar Assad, avalia ainda que, se os empresários não autorizem a saída dos ônibus das garagens eles é que estarão prejudicando o sistema. “Caso os patrões não coloquem os ônibus nas ruas, a assessoria jurídica do sindicato vai comunicar Justiça do Trabalho de que não vai ter ônibus nas ruas por iniciativa dos patrões”, garantiu.
Leonardo Coleto |
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Porém, outra estação tubo funcionava normalmente. |
Para garantir a continuidade do serviço, a Urbs solicitou, quarta-feira (25), na Justiça do Trabalho a garantia de operação mínima. “É uma medida que já foi adotada e estamos aguardando uma manifestação em juízo nesse sentido”, explicou o presidente Roberto Gregório. Ele afirmou ainda que, se necessário, irá acionar os profissionais que atuaram na última greve no sistema de transporte alternativo. A desembargadora do Trabalho, Ana Carolina Zaina, que conduz a negociação entre trabalhadores e empresários, afirmou que após o início da greve poderá avaliar a situação para então se posicionar sobre a paralisação.
Trabalhadores e empresários voltam a se encontrar na sexta-feira (27), em uma nova audiência no TRT-PR, marcada para 13h30. As duas categorias devem decidir sobre a proposta apresentada pela desembargadora.
