Centenas de pessoas compareceram ontem à Catedral Metropolitana de Curitiba para a Missa de Cinzas. A celebração foi conduzida pelo arcebispo dom Pedro Fedalto. “A Missa de Cinzas marca o início da Quaresma, que para os católicos do mundo inteiro representa penitência, conversão e celebração da vida”, explicou o cônego Pedro.
Com duração de cerca de duas horas, a missa atraiu fiéis de toda Curitiba e Região Metropolitana. Na metade da celebração, dom Pedro Fedalto benzeu as cinzas. No final, deu a bênção através da imposição das cinzas acima da cabeça de cada pessoa presente na catedral. “A imposição das cinzas, feita apenas uma vez ao ano (na Quarta-feira de Cinzas), é um gesto que expressa o desejo de conversão e de mudança de vida”, declarou dom Pedro Fedalto.
Fraternidade
Ontem, durante a missa, foi anunciado o início da Campanha da Fraternidade 2004, que tem como tema “Água -Fonte da Vida”. Em Curitiba, a abertura oficial da campanha acontece hoje, às 19h, também na Catedral Metropolitana. “É a primeira vez que o tema é abordado durante a campanha. O ser humano não pode viver sem água, que é necessária na alimentação, na agricultura, para higiene e uma série de outras coisas. Mesmo assim, o desperdício é muito grande em todo o mundo. O objetivo é conscientizar a população sobre o problema”, disse o arcebispo.
O objetivo da igreja é conscientizar a sociedade sobre a importância da água para a vida e reafirmá-la como patrimônio da humanidade, denunciando os processos de poluição e mercantilização que ela vem sofrendo. Através do texto-base, que já vendeu milhares de exemplares, a Confrência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está analisando a questão sob os pontos de vista técnico e político, mas também espiritual, bíblico e ético.
Entre os dados apontados pela CNBB está a distribuição da água no planeta, que é praticamente a mesma há 500 milhões de anos. Quanto ao uso da água, 70% se destina à irrigação, 20% à industria e 10% ao consumo humano. A campanha neste ano quer fugir do discurso que culpa a população pelo desperdício: a idéia é questionar o modelo de civilização que desperdiça e polui a água, além de torná-la uma propriedade de algumas poucas empresas transnacionais, que lucram com a venda do bem natural.
Procura por peixe ainda é pequena
Com o início da Quaresma, é comum aumentar o consumo de peixe. Mas ontem, em plena Quarta-feira de Cinzas, a procura por pescados ainda era pequena. Esse panorama deverá mudar ao longo do mês, quando o setor espera vender 30% a mais do produto.
A estimativa é do comerciante Francisco de Paula Mozer, que há 40 anos trabalha no ramo. Segundo ele, o período antes da Páscoa sempre representa um incremento nas vendas. Ele entende, porém, que esse consumo deveria ser constante. “Hoje se fala muito em vida saudável, e as pessoas deveriam incluir o peixe na dieta diária”, falou.
A professora Valderez de Araújo França é uma consumidora que não abre mão do peixe na Quaresma. Ontem, logo cedo, ela já estava no Mercado Municipal fazendo as compras para a semana. “Eu como peixe normalmente, mas na Quaresma eu compro mais”, disse.
Para o comerciante Kielvin Alberti, a tradição do consumo de peixe nesse período vem diminuindo a cada ano. “As pessoas já não estão mais seguindo a tradição”, comentou. Apesar disso, ele também aposta em um pequeno aumento nas vendas, principalmente nas quartas e sextas-feiras.
Católica
Para a Igreja Católica, a Quaresma lembra os 40 dias que Jesus Cristo passou no deserto antes de iniciar a vida pública. Segundo o pároco da Catedral Metropolitana de Curitiba, Pedro Vilson Alves de Souza Filho, para os cristãos a significação da Quaresma é de preparação para a Páscoa, que inclui atitudes como oração, reconciliação e penitência.
A simbologia do consumo do peixe nesse período, segundo o pároco, começou na antigüidade, pois o produto é um símbolo cristão, além de ser muito mais acessível. Hoje representa a penitência, já que as pessoas substituem outros alimentos pelo peixe.