Às vésperas do Dia Mundial da Saúde, que será comemorado no sábado, a Associação Médica do Paraná (AMP) faz um alerta: nunca houve tantos médicos sem qualificação no mercado, o que pode resultar na má qualidade do atendimento. Nos últimos dez anos, as faculdades de Medicina se proliferaram por todo o Brasil. Hoje, existem 167 escolas em todo o País, o que representa um recorde mundial. O grande problema, segundo a AMP, é que o número de vagas para residências médicas não cresceu na mesma proporção. Resultado: os médicos saem da faculdade, mas nem todos têm a oportunidade de se especializar, reduzindo a qualidade do trabalho que eles podem oferecer.
Segundo o presidente da AMP, José Fernando Macedo, somente no Paraná, que tem um dos melhores quadros do País, apenas 40% dos estudantes que saem das faculdades conseguem vagas para residências médicas. ?Nos últimos 10 anos, aconteceu a mercantilização da Medicina. As faculdades foram sendo autorizadas a funcionar mais por questões políticas do que por questões científicas?, diz, lembrando que boa parte das novas instituições é particular.
Para complicar o quadro, a abertura de vagas para residências não acompanhou o ritmo das faculdades. ?Hoje, a concorrência para as vagas de residência médica é muito maior do que a dos vestibulares. Acaba que muitos não entram e não se especializam, representando um risco à população.?
Mesmo sem a especialização, os médicos podem abrir consultórios ou trabalhar em hospitais. ?Mas eles acabam se tornando mão-de-obra barata e acabam frustrados por não evoluírem na carreira?, diz.
Para Macedo, a solução prevê duas ações: um controle maior do Ministério da Educação em relação à abertura de novas universidades e a criação de mais vagas de residência nos hospitais. ?Não é corporativismo para evitar que mais médicos entrem no mercado. É uma preocupação com a qualidade dos profissionais que estão atendendo a população?, finaliza.