A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) quer desmistificar a idéia de que não se pode conciliar a prática de esportes e os estudos. A instituição vai participar do campeonato paranaense de futebol da série A-2. O Universidade Católica, como será conhecido o clube que representará as cores vinho e branco da PUC, teve ontem as primeiras avaliações físicas e fisiológicas de seus atletas.
Hoje, no campus São José dos Pinhais, acontecem os testes técnicos. Cerca de 250 acadêmicos de todos os cursos estão participando da seleção, que escolherá o grupo de 25 atletas que participarão do campeonato.
O coordenador do projeto e técnico da equipe, Édson Marcos de Godoy Palomares, explicou que o objetivo do projeto é dar aos alunos a oportunidade de serem atletas, mas não abandonarem os estudos. O projeto é audacioso. A PUC deve nos próximos dias fechar acordo com patrocinadores para viabilizar despesas da equipe. O objetivo é estar disputando o campeonato da série ouro do futebol paranaense já dentro de um ano. “Estamos fazendo o processo inverso do que os clubes que estão se destacando ultimamente no futebol brasileiro. São Caetano e Atlético Paranaense levaram a estrutura de uma universidade para dentro de seus clubes e obtiveram muito sucesso. Já temos a estrutura e agora estamos aproveitando para desenvolver o esporte profissional”, explicou Palomares. Ele destacou que já no próximo ano o Universidade Católica deve abrir para categorias de base. O treinador explicou que nos EUA as ligas universitárias foram criadas na década de 60 por determinação do governo. Lá é obrigatória a passagem de um atleta pela universidade para que ele atinja o profissionalismo. “Não queremos tirar a oportunidade dos que não têm estudos, mas sim dá-la a quem quer continuar estudando”, afirmou, destacando que o novo clube fará horários de treinamento que não atrapalhem as aulas dos atletas. Palomares citou como exemplos de jogadores que têm uma formação superior os médicos Sócrates e Tostão e o professor de Educação Física Emerson Leão.
Palomares admite que a PUC ainda não tem torcedores, mas tem cerca de 300 mil simpatizantes entre ex-alunos, alunos, funcionários e parentes. A instituição deve alugar junto a um dos clubes da capital um estádio para mandar seus jogos. “Outra possibilidade é colocar arquibancadas pré-moldadas aqui mesmo no campus um”, salientou o treinador.
Sonho
Para muitos dos que participaram dos testes, essa oportunidade resgata um sonho interrompido. É o caso de Gabriel Augusto de Lemos, de 19 anos, que cursa o segundo ano de Fisioterapia. Além de fisioterapeuta, ele quer ser zagueiro. “Sempre tive vontade de jogar, acho excelente essa chance que a PUC está nos dando”, salientou. Wlademir Ribas da Silva está no primeiro ano de Educação Física. Ele veio de Mato Grosso do Sul para estudar, após abandonar o sonho de jogar. “Estou muito feliz. Nem vejo a hora de poder contar para meu pai que vou poder realizar meus dois sonhos”, afirmou o meia-esquerda.
Um dos principais clubes do Chile é o Universidad Católica. No entanto o clube foi formado por funcionários, não alunos. Hoje, a venda de jogadores é que auxilia a parte financeira da instituição de ensino.