PUC inaugura laboratório de transplante de células

A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) inaugurou ontem, no campus de Curitiba, seu Laboratório de Engenharia e Transplante Celular, considerado pioneiro no País. Participaram da solenidade diversas autoridades políticas, professores, estudantes e profissionais da área médica.

Em fase inicial, o laboratório acolherá três projetos de cultivo de células que, segundo o reitor Clemente Ivo Juliatto, beneficiarão imediatamente a população como um todo e colocarão a PUCPR em destaque entre as universidades do Brasil e do mundo. “As pesquisas desenvolvidas no laboratório serão importantes na promoção da cura de doenças como diabetes e insuficiência cardíaca”, declarou o reitor. “Também permitirá a troca de informações entre profissionais brasileiros e estrangeiros, através do sistema de intercâmbios.”

O laboratório começou a ser construído há um ano. Teve investimentos de R$ 1 milhão por parte da PUCPR e R$ 2,37 milhões do governo do Estado, que contribuiu na aquisição de equipamentos. Grande parte dos profissionais que irão participar dos projetos fizeram treinamentos em outros países, como Canadá, Estados Unidos, Alemanha e França.

Transplante de células

Um dos projetos a ser desenvolvido é o de transplante de células humanas produtoras de insulina, beneficiando principalmente os portadores de diabetes tipo 1, que dependem da insulina para viver. Segundo o professor Miguel Riella, a técnica consiste na retirada de células produtoras de insulina – conhecidas como ilhotas de Langerhans – do pâncreas de cadáveres e da implantação destas no fígado de pacientes diabéticos previamente selecionados. “A principal barreira que teremos é a disponibilidade de doadores”, comenta Miguel. Para que o transplante possa ser realizado, não precisa haver compatibilidade entre doador e receptor.

A técnica já é desenvolvida em uma universidade do Canadá e outra de Miami (EUA). Graças aos estudos desenvolvidos pelos profissionais destas entidades, as chances de uma pessoa diabética se tornar independente da insulina após o transplante aumentou de 15% para 85% nos últimos anos. Na América Latina, estudos semelhantes já foram desenvolvidos por um laboratório de Buenos Aires, na Argentina, e um laboratório brasileiro, em São Paulo. Calcula-se que no Brasil 7,6% da população sejam diabéticas. No mundo, 5,5 bilhões de pessoas têm o problema.

Cardiomoplastia

Outro projeto é conhecido como cardiomioplastia celular e visa a substituição de células do coração. De acordo com o médico Paulo Brofman, muitas vezes, o músculo do coração perde a capacidade de bombear sangue para o resto do organismo, tornando a pessoa vítima de insuficiência cardíaca.

A intenção é retirar músculos da perna do próprio paciente, fazendo o cultivo e promovendo a multiplicação das células, para posteriormente serem implantadas em várias partes do coração. A proposta é reconstruir o tecido cardíaco e recuperar as funções do órgão. “No mundo, 25 pacientes já foram submetidos a essa técnica. No futuro, ela poderá evitar os transplantes de coração”, acredita Brofman. No País, 2,5 milhões de pessoas sofrem de insuficiência cardíaca.

Enxertos

O terceiro projeto diz respeito a enxertos cardiovasculares. Estudos experimentais com animais já vêm sendo desenvolvidos há mais de dez anos em alguns centros espalhados pelo mundo. O objetivo é que pessoas, também vítimas de problemas no coração, recebam novas válvulas cardíacas. Essas válvulas seriam compostas de células retiradas de outras partes do corpo do próprio paciente, diminuindo as chances de rejeição, de acordo com o médico Francisco Diniz Affonso da Costa.

Os projetos, após diversos estudos e experiências, devem começar a ser aplicados em seres humanos a partir do ano que vem.

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