Retomar o civismo esquecido pelos brasileiros. Esse foi o maior apelo do desfile civil e militar em comemoração ao Dia da Independência, realizado ontem na Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico, em Curitiba. Milhares de pessoas se amontoaram em arquibancadas e também nas calçadas com bandeirinhas do Brasil para acompanhar o desfile, mesmo sob forte calor.
Para o governador do Paraná, Roberto Requião, o desfile é um exemplo da visão nacional que está gravada no imaginário do povo brasileiro: “Mas ela foi diluída nos últimos tempos. Esse é o nosso esforço para a retomada do sentimento de valorização nacional”, comenta. Ele classifica o desfile de ontem como um dos mais bonitos dos últimos anos. A parada foi organizada pelo Estado e Requião fez questão da presença de todos os secretários de governo.
O vendedor Davi da Silva acredita que a retomada do civismo é essencial para o futuro do Brasil. “Temos que incentivar. Hoje é um dia especial, pois se não dermos valor ao nosso país, nossos filhos também não darão”, afirma. “Precisamos valorizar a liberdade que a gente tem.” A educadora infantil Izabel da Silveira fez questão de levar o filho Bruno ao desfile da Independência: “No meu tempo, as crianças sempre desfilavam e participavam desse dia. Trouxe o meu filho para apreciar o desfile e despertar nele o amor pela pátria”.
Vinte e seis escolas da rede pública estadual e dez entidades civis participaram da primeira parte do desfile, representando a comunidade. A Liga de Defesa Nacional – entidade civil patriótica que visa preservar os valores, a história, os símbolos e os heróis brasileiros – abriu o desfile deste ano. Na seqüência foi a vez do Colégio Estadual do Paraná, acompanhado dos carros da Patrulha Escolar.
Bandeiras
Os alunos carregaram bandeiras históricas, com formas diferenciadas, desde o descobrimento do Brasil. Também foram mostradas as bandeiras de todos os estados brasileiros. Depois disso, outras escolas estaduais passaram pela avenida, entre elas a Professor Brandão, cujos alunos soltaram uma pomba e bexigas brancas simbolizando a paz. As bandas de algumas escolas e da Guarda Mirim fizeram apresentações e deram ritmo ao desfile. Entre as entidades civis, estavam os Conselhos Comunitários de Segurança, a Guarda Municipal de Curitiba, a Defesa Civil, a Polícia Civil e o Clube do Fordinho, entidade de preservação de carros antigos.
Veículos foram as vedetes
O desfile militar era a parte mais esperada pelas pessoas. Integrantes de tropas militares e da Polícia Militar (PM) fizeram a passagem pela avenida. Muitos soldados do Exército estavam pintados e com as armas posicionadas como se estivessem em combate. Os pracinhas da Segunda Guerra Mundial e as escolas militares também tiveram vez no desfile.
Entre os participantes estavam a Academia Policial do Guatupê, o Colégio da Polícia Militar do Paraná, a Artilharia Divisionária da 5.ª Divisão de Exército, o 20.º Batalhão de Infantaria Blindado e o 5.º e 27.º Batalhões Logísticos. Os veículos do Exército, incluindo os tanques, da PM, do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil chamaram a atenção do público. Por último, entrou a cavalaria da PM do Regimento de Policiamento Montado.
O professor aposentado Carlos José Silveira levou os três netos para assistir ao desfile, a pedido das próprias crianças. Para ele, o que mais agradou foi o desfile militar. “A organização deles é muito boa. Isso se reflete na apresentação”, opina. O que decepcionou, segundo ele, foi a apresentação das escolas da rede pública estadual. “Antigamente, havia mais incentivo para a prática do civismo, além das atividades como bandas e fanfarras. É preciso resgatar isso, e as escolas precisam passar aos estudantes a importância do patriotismo e o respeito com as entidades nacionais. Mesmo com os problemas, o Brasil é o melhor país para se viver e devemos valorizar isso”, resume Silveira. (JC)
