A satisfação de tirar um carro novo da loja durou pouco para o publicitário Paulo Hoppe. No dia 14 do mês passado, ainda na concessionária Globo Nissan de São José dos Pinhais, ele percebeu que o Nissan Tiida tinha ranhuras no banco, mas confiou nos três anos de garantia e levou o veículo. Até porque sua família tinha urgência, já que seu filho havia nascido.
No dia seguinte, os barulhos internos (no painel da frente, das colunas e da parte traseira) ficaram mais fortes. “Parecia que o carro ia desmontar. Reparei que algumas partes estavam desencaixadas”, conta. Ele deixou o veículo no dia 16 de março na oficina, mas ao retirar no dia 22 notou que os ruídos continuavam. Além disso, o problema das ranhuras no couro do banco foi “resolvido” com a substituição por banco velho e sujo. “O chefe da oficina comentou que nunca tinha visto um Tiida com tanto barulho”, lembra.
Oficina
O publicitário fez análise minuciosa do veículo e listou tudo que precisava de reparo. “Descobri coisas inacreditáveis para um carro novo, como pintura descascada, peças enferrujadas, entre outros problemas”, cita. No dia 1.º de abril, deixou o carro novamente na concessionária com todos os problemas listados. Quando retirou no dia 6, notou que o barulho interno sumiu e que várias solicitações foram cumpridas, como a troca dos bancos.
Dois dias depois, Hoppe viajou para Londrina e a temperatura do motor aumentou a ponto de acender duas vezes a luz indicativa. “Verifiquei que o nível do líquido do arrefecimento estava no mínimo e isso poderia ter ocasionado algo pior”, acusa. No dia 12 de abril choveu e o publicitário descobriu problemas nos limpadores do parabrisa. “Não tinha como deixar ligado para conter a chuva, pois estavam batendo fortemente no vidro e totalmente ressecados”. Mais uma vez o carro foi para a oficina. “Não resolveram todos os vícios e, pior, o barulho interno voltou”.
Nesta semana, Hoppe ligou para o fornecedor e a resposta foi que não iriam aceitar o carro para reparar os problemas não resolvidos nas vezes anteriores. “Estou proibido de levar o carro”, lamenta.
Garantia contratual
De acordo com o Procon-PR, que em setembro do ano passado começou a separar os casos de reclamações referentes a carros novos, já foram registradas 560 orientações, das quais 73 viraram processos administrativos. No caso de Paulo Hoppe, o Código de Defesa do Consumidor prevê 90 dias de garantia contratual. Se não ser reparado o problema, a partir da segunda tentativa o consumidor pode exigir a troca do carro ou a devolução do valor pago. A concessionária Globo Nissan foi procurada diversas vezes durante esta semana pelo Paraná Online, mas até o fechamento desta edição não havia se pronunciado sobre a situação.
