Próximos passos da biotecnologia dentro do Brasil

Estabelecer uma aliança entre a biotecnologia de ponta e o conhecimento ancestral dos índios, com o objetivo de criar novos produtos e fazer com que as populações indígenas conquistem maior dignidade. Esta é a intenção do presidente do Programa Internacional de Salvaguarda da Amazônia, Mata Atlântica e dos Ameríndios para o Desenvolvimento Sustentável, instituição que tem sede em Paris, Mário Christian Meyer. Ele está em visita ao Brasil, conversando sobre o assunto com governantes e empresários.

Segundo Mário, muitos dos conhecimentos a respeito de produtos naturais atualmente utilizados pelas indústrias farmacêuticas e de cosméticos, tanto nacionais quanto internacionais, foram gerados por ancestrais indígenas. Apesar disso, os índios geralmente não recebem qualquer participação nos lucros gerados através dos conhecimentos que lhes foram roubados.

?Atualmente, noção de propriedade intelectual coletiva é uma coisa que não existe. Quem está sofrendo com isso são os índios, que mesmo contribuindo tanto com a biotecnologia através de seus conhecimentos, vivem em condições muito difíceis e sem expectativa de futuro. Desorganizados e sem condições de realizar parcerias e negociar com industriais brasileiros e estrangeiros, eles não têm estrutura sequer para provar que determinado conhecimento partiu deles?, comenta.

Com a intenção de mudar esta realidade, Mário vem estudando formas de levar a biotecnologia aos índios, fazendo com que eles próprios sejam capazes de agregar valor à biodiversidade. A idéia é que eles sejam capazes de produzir, por eles mesmos, extratos de plantas com alto valor agregado, tendo a atividade regulamentada pelo CGEN (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético) e apoiada financeiramente por organismos nacionais e internacionais. ?Queremos levar os conhecimentos tecnológicos para dentro das aldeias, para que os índios possam ter total controle sobre tudo o que realizam e produzem. É uma forma tanto de evitar a biopirataria quanto de proteger a riqueza nacional e preservar a cultura dos povos da floresta, cujos conhecimentos não devem ser perdidos?.

Biopirataria

Na prática, a biopirataria vem lesando o patrimônio natural brasileiro desde a época do descobrimento, quando os portugueses levavam do país conhecimentos de povos indígenas para extrair o pigmento vermelho do pau-brasil. Hoje, a apropriação ilícita de conhecimentos e matérias-primas está bastante evoluída, tendo como suporte a tecnologia e a rede mundial de computadores. Através da biopirataria, o Brasil, que congrega aproximadamente 25% de toda biodiversidade do planeta, se torna um mero fornecedor de recursos naturais e informações.

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