Cerca de 20 agricultores do município de Contenda, em uma frota de 18 tratores, manifestaram durante todo o dia de ontem em frente ao Banco do Brasil (BB) da cidade, para tentar impedir que o terreno de cinco alqueires e um trator do agricultor Félix Wojcik fossem a leilão hoje. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Miguel Treziak, uma equipe vai ao Fórum da Lapa para protestar contra o leilão que acontecerá às 10h45. Ele disse também que as máquinas vão permanecer em frente à agência e que os protestos continuarão.
O agricultor tem uma dívida com o banco no valor de R$ 138.318,90. ?Quero que o banco suspenda o leilão para a gente negociar. Se eu perder essa terra – única coisa que tenho – aí já era?, comenta Félix.
Segundo os agricultores, muitas vezes eles tentaram negociar a dívida com o banco, que se manteve inflexível. ?Não queremos deixar de pagar, queremos negociar. Agora querem tomar as terras dos meus vizinhos?, indigna-se Ambrósio Chinda. ?Já pedimos que o banco parcelasse e não teve jeito?, lamenta Félix.
O gerente do BB de Contenda, Jairo Vasconcelos, afirma que sempre houve uma tentativa de renegociação, mas não sabe por que alguns clientes não foram atrás. ?Para chegar a esse ponto passaram-se anos. Essa negociação deveria ter sido antes, não hoje?, critica o gerente.
Acordo?
Na parte da tarde, segundo Miguel Treziak, o BB aceitou que fossem pagos R$ 55 mil para saldar a dívida, após a intermediação do Padre Roque, secretário de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social. Félix fez uma contraproposta de R$ 33 mil. Treziak diz que não houve acordo. Até o final da tarde, a situação se mantinha a mesma e o leilão do terreno do agricultor continuava marcado.
Outras reclamações
Além de estarem fazendo pressão para impedir o leilão das terras, os agricultores reclamavam quanto aos valores das cobranças.
Segundo Félix, sua dívida inicial, em 1995, era de cerca de R$ 20 mil e hoje ele tem de pagar cinco vezes mais. O agricultor Vicente Kosinski, que já perdeu um lote em leilão do banco por dívida, devia em 1996 em torno de R$ 40 mil hoje esse total chega a R$ 202 mil. ?Vou dizer a eles (banco) que quero pagar o que eu peguei e não esse absurdo?, diz.
