Moradores do Jardim Itaqui, localizado em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, fizeram um protesto, ontem, contra a retirada de areia do local, atividade realizada pela empresa Saara.
Segundo os moradores, por conta da atividade a empresa já retirou 20 famílias da região mediante o que eles chamam de ?indenização?.
Mas o problema é que o restante – cerca de 53 famílias – não quer deixar suas casas. Os manifestantes fecharam a rua de terra que passa ao lado dos mananciais da Sanepar durante todo o dia.
Maurílio Bicálio, que mora no Jardim Alegria, contou que a empresa invadiu seu terreno localizado no Itaqui e destruiu a fundação de uma construção.
?Eles derrubaram tudo com as máquinas. Queriam me indenizar em R$ 2 mil, mas eu achei pouco, não aceitei. Já tentei acordo com eles duas vezes, mas não tem jeito?, reclamou.
Outra protestante, Joseane Oliveira Deniski, disse que os funcionários da empresa ameaçam os moradores. ?Algumas casas já estão muito próximas das cavas. Nós não queremos R$ 2 mil?, afirmou.
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) informou que a Saara possui licença para operação na região, que vence somente em setembro do ano que vem. Ainda segundo o IAP, uma das condições para a empresa operar no local, que é considerada área de várzea, foi que ela vai utilizar o sistema denominado de ?Wetland?. O sistema visa o plantio de espécies aquáticas nas cavas, que interligadas passam a receber água do rio o que, conseqüentemente, deve melhorar a qualidade da água.
Os moradores prometiam permanecer protestando até que algum representante da empresa, do governo estadual ou municipal fosse até o local. Mas segundo a assessoria de imprensa da prefeitura de São José dos Pinhais, o município não pode interferir em uma área que pertence ao estado.
Um dos parceiros da administração do areal Saara, Euro Ribas, explicou que a questão que envolve o Jardim Itaqui é complicada, pois trata-se de um conflito fundiário, uma vez que as terras pertencem à Comec (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba), que é do estado.
Como explica Ribas, a região foi desapropriada pela Comec que, por sua vez, entrou na Justiça com um pedido de reintegração de posse da área. Ainda segundo Ribas, não existe ?indenização?.
?Nós nos comprometemos com o IAP de não tirar ninguém de lá contra a vontade. O que fizemos foi estipular um valor para alguns moradores para adiantar o serviço. Vamos suspender nossos trabalhos por lá até que se resolva essa questão fundiária?, disse.