Manifestação começou no início da manhã e prosseguiu até as 11h. |
O tráfego na Rodovia do Xisto (BR-476), entre Araucária e Contenda, ficou parado na manhã de ontem em função de um protesto de moradores do Conjunto Itaperubá. Um grupo de cerca de sessenta pessoas ? entre elas, muitas crianças ? bloquearam a estrada para exigir a construção de creche e escola dentro do conjunto habitacional. Os manifestantes só liberaram a via por volta de 11h, quando uma fila de mais de 5 km de congestionamento se formou nos dois sentidos.
Os moradores do conjunto são, na maioria, famílias que foram retiradas pela Prefeitura de Curitiba da Vila Audi, em setembro do ano passado. Eles cobram que receberam a promessa de ir para uma área com infra-estrutura, mas não foi o que aconteceu. “A gente precisa atravessar a rodovia todos os dias para levar os filhos pra creche ou escola. Várias pessoas já foram atropeladas nesse local, inclusive meu marido”, afirmou Juraci Godói. A mesma reclamação fez Márcio Munhoz, que afirma que a administração dos dois municípios ? Curitiba e Contenda ? ficam jogando a responsabilidade uma para outra, mas ninguém resolve o problema. “A gente fica no meio desse jogo e sofre as conseqüências”, disse.
Outra reivindicação dos moradores é a implantação de uma cooperativa de serviços gerais dentro da vila, pois que a maioria das pessoas trabalha na colheita da batata, o que garante uma renda apenas por quatro meses no ano. Róbson Nogueira diz que eles têm alguns projetos que podem ser desenvolvidos, como a fabricação de manilhas ou até de produtos artesanais, que poderiam ajudar na renda. “Hoje a colheita da batata dá muito pouco. Para se ter uma idéia, em um saco de 60 kg dá para ganhar R$ 0,70, e ninguém consegue colher mais de quinze por dia”, exemplifica.
O coordenador estadual do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Anselmo Schwertner, disse que os moradores pretendem agendar para hoje uma reunião com a Cohab (Companhia de Habitação) de Curitiba para discutir as reivindicações. Ele afirma que, se não forem atendidos, voltarão a fechar a rodovia.
A Prefeitura de Curitiba alega que, no dia da transferência das famílias, houve uma reunião entre a Cohab da capital, os moradores, a Prefeitura e a Câmara Municipal de Contenda, quando foram definidas as condições do loteamento. A assessoria de comunicação da Prefeitura da capital afirma que todos os itens que constam na ata da reunião foram cumpridos.
Ainda segundo a administração municipal de Curitiba, a Prefeitura de Contenda se comprometeu a absorver os alunos, já que as escolas do município tinham capacidade ociosa. A falta de equipamentos, tais como carteiras, já teria sido resolvida pela Fundepar. A Prefeitura de Curitiba argumentou ainda que não pode construir escolas e creches fora do município.