Os manifestantes ficaram das 7h às 12h30 bloqueando a ponte, em continua após a publicidade |
Trabalhadores fecharam ontem, por mais de cinco horas, a Ponte Internacional da Amizade, na fronteira do Brasil com o Paraguai. A via permaneceu bloqueada das 7h às 12h30 como forma de pressionar os governos dos dois países a tomarem ações para minimizar os problemas sociais que afetam a Tríplice Fronteira. No lado brasileiro a manifestação mobilizou ?laranjas?, pessoas que transportam mercadorias do Paraguai até Foz. No lado paraguaio, o ato foi encabeçado por mototaxistas, perueiros, vendedores e camelôs.
A manifestação foi pacífica até por volta do meio-dia quando, segundo a Superintendência da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, alguns manifestantes agrediram motoristas que tentaram furar o bloqueio. A PF interveio e os manifestantes do lado brasileiro se dispersaram. No lado paraguaio, os trabalhadores continuaram concentrados. O fluxo de veículos e pedestres foi normalizado no início da tarde.
O protesto tinha o objetivo de pressionar os participantes de uma reunião bilateral realizada ontem entre autoridades dos dois países como parte da Agenda 19, firmada no final do ano passado. A agenda visa encontrar soluções para os problemas da região, que aumentaram depois que a Receita Federal intensificou a fiscalização para combater o contrabando na fronteira. Os manifestantes garantem que continuarão fechando a ponte até que as autoridades anunciem medidas concretas. Em Ciudad del Este, a maioria das lojas permaneceu fechada durante todo o dia.
Reunião
O secretário municipal de Assuntos Internacionais, Sérgio Lobato Machado, participou da reunião como representante do prefeito de Foz, Paulo Mac Donald. Ele informou que as comissões brasileiras e paraguaias ficaram satisfeitas com a notícia de que Mac Donald estava em Brasília tratando de projetos para gerar empregos na cidade. ?Foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma relação de medidas para minimizar o drama social de trabalhadores da região de Foz, que encontraram na ilegalidade o único meio de sustento de suas famílias?, disse o secretário.
Contudo, os participantes da reunião não chegaram a conclusões sobre os dois assuntos mais cobrados pelos manifestantes: o aumento da taxa de importação e o tráfego na ponte. ?Aumentar a cota depende do Congresso paraguaio?, afirmou Machado. Já sobre o trânsito na via, o secretário contou que foi criada, durante a reunião, uma comissão mista para estudar soluções imediatas.
Em Brasília
A lista entregue a Lula inclui obras como a construção da segunda ponte entre o Brasil e o Paraguai, a ampliação do Aeroporto Internacional de Foz, a duplicação da Avenida das Cataratas e a implantação do Contorno Leste, além de ações como a ampliação da cota de compras no Paraguai – de US$ 150 para US$ 500 – e investimentos no país vizinho. ?O prefeito quer atrair mais 250 mil turistas à cidade este ano?, informou o secretário.
O documento considera legítimo o combate ao contrabando e pirataria na região, porém aponta como agudo o drama social das famílias brasileiras que dependem do comércio de mercadorias paraguaias. Ressalta ainda que o quadro no lado paraguaio é mais grave, já que a maioria da população de Ciudad del Este depende da renda proveniente do comércio entre os dois países.
Operação aperta o cerco em Foz
A megaoperação policial Foz Segura – promovida pelo governo do Estado – prendeu mais 12 pessoas na noite de quinta-feira e madrugada de ontem. Também foram apreendidos carros e material ilegal. Ontem, a operação entrou no segundo dia. Não há previsão para terminar.
Na quinta-feira à noite, a Força Verde da Polícia Florestal deteve oito pessoas. Quatro delas estavam com 800 cabeças de palmito in natura. Três veículos usados para o transporte da carga foram apreendidos. Na madrugada de ontem, mais duas pessoas foram presas com 227 vidros de palmito industrializado. Também foi apreendido um veículo.
A Força Verde também fez operações em estradas periféricas. Os policiais apreenderam 339 pacotes de cigarros que estavam sendo contrabandeados. Mais duas pessoas foram presas. Na sexta foram realizados trabalhos de fiscalização no Lago de Itaipu.
Já a Polícia Militar realizou uma operação arrastão em bares, boates e casas noturnas. Foram feitas quatro prisões. Um fugitivo da Colônia Penal Agrícola foi recapturado e um veículo apreendido. (DD)