Protesto de professores lembrou o fatídico dia 30

Professores e funcionários de escolas estaduais fizeram uma manifestação, na manhã de ontem, em Curitiba, para relembrar o dia 30 de agosto de 1988. “Naquele ano, a Associação Paranaense dos Professores (APP) realizava um movimento por melhores condições de trabalho e salário. O governador na época, Álvaro Dias, em vez de nos receber para conversar, nos reprimiu com muita violência. Jogou bombas e cavalos para cima de nós”, lembrou o presidente da APP-Sindicato, José Lemos. O dia ficou marcado como de “luta e luto” para a categoria.

Ontem, os manifestantes se concentraram, às 9h, na Praça Santos Andrade, em frente ao prédio da UFPR. Às 10h30, seguiram em passeata até o Palácio Iguaçu, no Centro Cívico. Eles utilizaram caminhões de som, faixas de protesto e cruzes com fotos do rosto do governador Jaime Lerner e da secretária estadual da Educação, Alcyone Saliba.

Reivindicações

A principal reivindicação dos cerca de 120 mil trabalhadores da educação é um reajuste salarial de 65%, acumulado nos últimos anos. “Estamos há sete anos sem aumento. Tudo subiu, menos o nosso salário. Não estamos mais conseguindo sobreviver. A falta de reajuste representa um tremendo desrespeito e descaso com a categoria”, afirma José. “Estamos cansados de ouvir desculpas, pois sabemos que o Estado tem dinheiro e pode nos dar aumento. O que falta é boa vontade”.

Outras exigências são a criação de um Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) para toda a categoria. “O ensino público vem sendo bastante prejudicado devido à falta de professores e funcionários. Os que hoje estão trabalhando se mostram estressados e sobrecarregados”, diz. “Para suprir a demanda, seria necessária a contratação de, no mínimo, 40 mil pessoas em todo Paraná”.

Negociação

Das 11h30 até 13h30 uma comissão de professores foi recebida pelos secretários de Governo, Cid Campelo, e de Administração, Ricardo Smytink. O presidente da APP informou que não conseguiram avançar em relação ao reajuste salarial, já que os secretários deixaram claro que o governo não teria condições de mexer no salários dos professores e nenhuma contra proposta foi apresentada.

O secretário de Administração rebateu que quando o governador Jaime Lerner começou seu mandato, em 1994, o Estado estava com 74% da receita líquida comprometida com a folha de pagamentos. Hoje, baixou para 49%, se adequando à lei de Responsabilidade Fiscal. Deste modo, qualquer aumento iria fazer com que as contas do Estado ultrapassem esta margem. Smijtink reiterou que não dá para seguir o que determina a lei porque não é a realidade dos cofres públicos.

Mas, para José Lemos, o encontro também foi produtivo. Segundo ele, a categoria conseguiu a garantia de que nenhuma emenda seria apresentada ao projeto que amplia de 10% para 20% a hora-atividade da categoria. O projeto começou a ser votado na segunda-feira, sendo aprovado por unanimidade na Assembléia. Porém, na terça-feira, o governo pressionou e a segunda votação foi suspensa. O secretário disse que não cabe ao governo apresentar emendas, nem sabe qual o conteúdo do projeto e vai esperar ele chegar até o executivo para análisá-lo.

Se nenhuma emenda for apresentada, o projeto deve seguir o curso normal na segunda-feira. Na próxima quinta-feira, acontece uma nova rodada de negociações, quando será debatida a situação de 3 mil professores que passaram a ter direitos de estatutários, mesmo sem concurso público, em 1992. O problema é que o Tribunal de Contas não reconhece a situação e os professores correm o risco de não conseguir se aposentar. Porém Smijtinki afirma que já está tudo encaminhado para a solução do problema.

Participaram da manifestação cerca de três mil professores e funcionários de escolas, como zeladores, inspetores e pessoal de limpeza. O movimento teve o apoio da senadora do Estado de Alagoas, Heloísa Helena, que seguiu em passeata até o Palácio Iguaçu. De acordo com José Lemos, quem participou da manifestação não terá o dia descontado (colaborou Elizangela Wroniski)

Agentes penitenciários também participaram

Cíntia Vegas

No fim da manhã de ontem, integrantes do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Paraná se juntaram ao movimento dos professores, no Centro Cívico, em Curitiba.

Eles promoveram uma paralisação de 24 horas em suas atividades com o objetivo de tentar sensibilizar o governo em relação aos problemas enfrentados pela categoria. Apenas os serviços considerados básicos e essenciais continuaram funcionando.

A principal reivindicação é a implantação, dentro de um prazo máximo de noventa dias, de um Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para os servidores do sistema penitenciário. “A categoria reivindica este plano desde 1997. Não queremos mais esperar”, afirma a integrante do sindicato, Sandra Márcia Duarte. Junto com o PCCS os trabalhadores lutam por reajuste salarial de 20%, correspondente a índices inflacionários dos últimos anos, e direito à aposentadoria especial.

Também na manhã de ontem, em assembléia realizada em um salão da Sociedade Urca, eles formaram uma comissão, composta por sete pessoas, para negociar com o governo do Estado. “Esperamos que o governo também forme uma comissão para conversar com a gente. Queremos que esta se mostre aberta à conversação e a atender nossas reivindicações.”

Ao todo, são 1.400 agentes penitenciários no Estado.

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