Protesto de dentistas beneficia idosos na capital

O aposentado Wilson Barbosa Leite, de 76 anos, estava sorrindo à toa ontem. Depois de anos de espera, irá conseguir uma prótese dentária. Além de garantir que ficará mais bonito, Wilson estava contente porque poderia comer pinhão. O aposentado foi um dos dez idosos atendidos ontem por uma equipe de dentistas, técnicos e estagiários de prótese dentária no Lar dos Idosos Recanto Tarumã, em Curitiba.

O grupo de vinte pessoas realizou o atendimento voluntário como forma de se solidarizar com o casal de dentistas Carlos Justo e Karin Ermel, que realizam um trabalho odontológico gratuito na Ilha do Mel, no litoral do Paraná. Mas o projeto está ameaçado por falta de renovação de contrato. Segundo Carlos Justo, a iniciativa começou em 2001, através da organização não governamental Bombinhas Ação Laços e Braços (Balb), fundada por ele e a esposa.

Além do atendimento direto ofertado aos moradores da ilha, voluntários também davam apoio ao projeto. A iniciativa foi reconhecida pela Prefeitura, que fazia um repasse mensal de R$ 1,5 mil ao casal. No ano passado, o convênio com a Prefeitura expirou. O município alegou que não tem interesse na renovação, porque estaria construindo uma unidade de saúde no local, que contará com médicos e dentistas.

Aproveitamento

O atendimento feito ontem em Curitiba, disse Carlos Justo, “foi uma forma de manifestação inteligente, pois relatamos nossa dificuldade e ainda ajudamos quem precisa”. Os professores e estagiários de prótese dentária do Centro Paranaense de Formação Técnica (Centpar) também eram voluntários na ilha. Como as atividades foram suspensas, resolveram aderir ao trabalho no asilo. Segundo o professor do Centpar, Luiz Marçal, na escola os alunos trabalham com modelos que acabam sendo descartados. “Agora faremos um trabalho que terá aproveitamento”, disse.

Para o dentista e integrante da ong Movimento de Defesa da Saúde Odontológica, José Carlos Chicarelli – que também apóia o trabalho da ong Balb – a intenção a partir de agora é estender esse tipo de atendimento a outros asilos e instituições carentes da cidade. “Nós somos seguidores da Balb e queremos estimular esse trabalho voluntário para outros segmentos”, finalizou.

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