Depois de muita negociação e quase doze horas de paralisação, a BR-277 foi liberada ao tráfego de caminhões no trecho entre Curitiba e Ponta Grossa. Um grupo de caminhoneiros obstruiu a passagem na praça de pedágio de São Luís do Purunã logo no inicio da manhã. Somente depois da presença de mais de quatrocentos homens da Polícia Militar das duas cidades, incluindo o pelotão de choque, os caminhoneiros se retiraram. As filas, envolvendo também veículos de passeio, chegaram a sete quilômetros do lado de Curitiba e cinco quilômetros do lado ponta-grossense. O protesto foi gerado devido à expectativa do aumento do preço do pedágio, que supostamente seria anunciado ontem.
A concessionária Rodonorte, responsável pelo trecho, conseguiu uma liminar de interdito proibitório, que estabeleceu multas diária de R$ 2 mil para quem impedir o tráfego na rodovia. Durante a tarde, o juiz Luiz Henrique de Miranda, da 1.ª Vara Cível de Curitiba, confirmou a medida e aumentou em 150% o valor da multa. A partir daí a PM começou a participar de maneira mais efetiva na ação.
“Cobramos não só o não aumento do pedágio, mas também sua redução em 50%. Aumentar a tarifa no final do mandato é um desrespeito à população, ainda mais que uma das bases da campanha do governador eleito foi a redução nas tarifas”, argumentou um dos lideres do movimento, que ficou conhecido como Fórum Popular de Defesa dos Usuários das rodovias Pedagiadas do Paraná, o ex-deputado estadual Acir Mezzadri.
Mesmo com a desmobilização do ato de ontem, muitos caminhoneiros ainda prometiam se organizar para deflagar uma greve geral em todo o Estado, caso realmente seja majorado o preço do pedágio.
A história
A manifestação iniciou por volta das 7h30, quando alguns caminhoneiros foram parando os veículos em frente as cancelas. Somente carros de passeio e caminhões com carga viva e perecível eram liberadas. Por volta das 10h, os caminhoneiros decidiram interromper o tráfego a cada quinze minutos. Com isso, longas filas se formaram nos dois sentidos da rodovia. “Nós queremos que todos os motoristas sintam o que a gente sente, e por isso parem também”, disse o caminhoneiro Edilson Inácio da Cunha.
Os líderes do movimento não atrelaram a nenhuma entidade a manifestação, dizendo que se trata de um fórum popular que envolve representantes de todo o setor, desde sindicatos, cooperativas e empresas. Segundo Nelson Canan, a categoria não consegue mais suportar os sucessivos aumentos do óleo diesel, peças e insumos. E que o aumento do pedágio -que estava previsto para acontecer no início deste mês – vai dificultar ainda mais a atividade. “Só a suspensão do aumento não adianta, queremos a redução do valor governador”, afirmou Canan.
Parados
Onze caminhões cegonheiros estavam parados nas praças de pedágio. O presidente do Sindicato dos Cegonheiros do Paraná, Afonso Rodrigues de Carvalho, disse que a entidade estava apoiando o movimento porque os motoristas também sofrem com os altos preços das tarifas. Ele desmentiu que a manifestação tivesse alguma ligação com o fim do contrato das empresas transportadoras com fábricas de veículos. “Isso não tem nada haver. Estamos aqui porque também somos motoristas e, se precisar ficar um ou mais dias, nós vamos ficar”, afirmou Carvalho.
Representantes dos caminhoneiros enviaram, ainda pela manhã, um documento ao governador Jaime Lerner e ao Secretário de Justiça e Segurança Pública, José Tavares, com a reivindicação da categoria. Eles prometiam manter a manifestação por tempo indeterminado até que fossem atendidos. Também não estava descartada a manifestação em outras praças de pedágio.
Política
A Rodonorte informou, através da assessoria de imprensa, que foram surpreendidos pela manifestação. Para a empresa, tudo não passou de um movimento político, já que várias pessoas que concorreram nas últimas eleições estariam à frente da manifestação. Ainda pela manhã, a empresa conseguiu uma liminar de interdito proibitório determinando o não impedimento do acesso do público em geral (usuários) aos trechos das rodovias sob responsabilidade da Rodonorte.
Durante a tarde foi criado um clima de tensão no local, a presença da PM gerou a expectativa de um confronto. No meio da tarde a praça de pedágio foi liberada para o tráfego de veículos e de caminhões com carga perecível. Às 19h10 , após a chegada da tropa de choque da PM, as duas pistas foram totalmente liberadas pelos caminhoneiros, que foram embora sem o pagamento do pedágio. ( Colaborou Lawrence Manoel)