Foto: Lucimar do Carmo/O Estado

Mobilização reuniu pessoas no centro de Curitiba. Cerca de 600 mil crianças são vítimas de violência.

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A cada minuto que passa, uma criança ou adolescente é vítima de violência no Brasil. Dados da Abrapia (Associação Brasileira de Proteção à Infância e à Adolescência) e do Lacri (Laboratório de Estudos da Criança) indicam que anualmente, no País, cerca de 600 mil crianças são vítimas de diferentes formas de violência doméstica. Só no que diz respeito a espancamento, estima-se que 18 mil crianças sejam vitimizadas a cada dia. Destas, pelo menos cem acabam morrendo.

Os dados foram divulgados ontem de manhã, por integrantes do Ministério da Mulher da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Sul do Paraná, que realizaram, na Boca Maldita, em Curitiba, a passeata Quebrando o Silêncio Contra o Abuso e a Violência. O evento reuniu um grande número de pessoas e – através da realização de entrevistas com autoridades que lidam com questões ligadas à proteção da infância e entrega de materiais informativos – procurou alertar a população a respeito dos abusos sofridos por crianças e adolescentes.

Segundo a coordenadora do Ministério da Mulher, Sônia Rigoli Santos, a maioria dos abusos acontece no ambiente doméstico. Existem quatro tipos principais de violência: física, que entre outras coisas inclui o espancamento; emocional, quando a criança é ameaçada, comparada com outras e tem suas qualidades menosprezadas; de negligência, quando meninos e meninas não têm suas necessidades básicas atendidas; e sexual.

?Os agressores geralmente são pessoas de convívio diário e bastante próximas às crianças e adolescentes, podendo ser os pais, um irmão mais velho, os avós, um professor, um vizinho, um amigo da família ou qualquer outra pessoa considerada de confiança?, revela. ?As maiores vítimas costumam ser as meninas, independente de idade. Porém, isto não quer dizer que os meninos também não sejam vítimas de agressões.?

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Por medo, falta de informação e vergonha, a grande maioria das vítimas não denuncia que está sendo abusada. De acordo com Sônia, no Brasil apenas 20% das crianças e adolescentes vítimas de violência procuram ajuda. ?Os abusos geram inúmeras conseqüências psicológicas às vítimas que, na vida adulta, podem passar a reproduzir com seus filhos o que vivenciaram na infância. A violência pode levar crianças e adolescentes à marginalidade, ao uso de drogas, à depressão, insegurança e a problemas de baixa auto-estima.?