Vestindo roupas pretas, funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) se concentraram ontem pela manhã em frente à sede da Diretoria Regional, em Curitiba, para protestar.
O ato, que durou dez minutos, teve a participação de cerca de 200 trabalhadores que não aderiram à greve, que durou 21 dias e terminou na segunda-feira. O protesto foi pacífico e de repúdio ao pagamento dos dias não trabalhados aos grevistas. Depois de um minuto de silêncio, os funcionários cantaram o Hino Nacional e voltaram ao trabalho.
A mesma mobilização aconteceu em outras agências dos Correios no Brasil. Alguns funcionários seguravam pequenos cartazes com frases como “mais diálogo, menos greve”.
Os não-grevistas discordam da decisão da empresa de suspender o desconto dos dias parados, que serão compensados com banco de horas de trabalho. “Queremos mostrar nossa indignação sobre como a greve foi conduzida, pois o acordo poderia ter sido fechado no primeiro dia”, falou o gestor regional de Logística Integrada, Julio Botto, que liderou a mobilização em Curitiba.
Segundo ele, de um efetivo de 110 mil trabalhadores dos Correios no Brasil, apenas 25% paralisaram as atividades. “A maioria era contra a greve”, afirmou. Botto disse que o movimento dos não-grevistas surgiu de forma espontânea, através de troca de mensagens e informações entre os colegas.
Muitos reclamaram que estavam sendo hostilizados por não terem participado da greve. O funcionário dos Correios disse ainda que o ato dos não-grevistas também tinha o objetivo de pedir desculpas à população, penalizada durante a paralisação. “Eu não sou contra o direito de greve, mas acho que tudo na vida tem limites”, disse Botto.
A greve que terminou esta semana foi considerada a mais longa da história dos Correios. Os trabalhadores pediam o cumprimento de um acordo para o pagamento de adicional de 30% do salário-base para todos os 43 mil carteiros que trabalham na distribuição e coleta externa.
Além do adicional, o governo se comprometeu a pagar a outros 16 mil trabalhadores, que atuam na distribuição e no atendimento das agências, um valor fixo de R$ 260.
O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná (Sintcom-PR) se manifestou, através da assessoria de imprensa, afirmando que o direito de greve é constitucional e que os dias parados vão ser repostos.
Sobre a adesão à greve, a entidade defende que a maior parte ocorreu entre os trabalhadores da área operacional – carteiros e triagem -, já que os cargos administrativos se sentem pressionados pela direção da empresa, que estaria incentivando mobilizações como a de ontem para enfraquecer o sindicato.