Proteção florestal virá de exploração

Explorar para preservar. É assim que o governo federal pretende trabalhar com as áreas de florestas que ainda restam no País. Até o fim do ano, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançará o Plano de Prevenção e Controle de Desmatamento nestes moldes. Para o professor do curso de engenharia ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Arnaldo Carlos Müller, o governo está no caminho certo. Para ele, as florestas ficam mais protegidas quando são exploradas de forma consciente.

A legislação ambiental determina que todas as propriedades rurais tenham 20% de reserva florestal, mas não é essa a realidade. O Paraná tem apenas 8% de matas de araucárias e, se consideramos as áreas que nunca tiveram qualquer tipo de exploração, o percentual fica menor ainda. Não chega a 1%.

Segundo Müller, se a lei fosse cumprida, o Estado poderia chegar a 35% de cobertura de floresta de araucária, contando também com a mata ciliar. Mas isso não acontece porque grande parte dos agricultores não consegue enxergar os benefícios da preservação. Ele diz que é muito comum os pais proibirem os filhos de plantar araucária em suas terras com medo de nunca poder cortá-la.

Segundo Arnaldo, esse tipo de atitude é motivada pela falta de conhecimento. O agricultor pode explorar a área desde que plante outra árvore no lugar. Além disso, diz que os produtores poderiam se organizar em cooperativas e vender o pinhão. No período de safra o quilo custa R$ 0,50, mas na entressafra o valor pode ser bem maior. O produto ficaria acondicionado em câmaras frias. ?Em 2004, quando faltou pinhão, vi restaurantes pagando até R$ 25 o quilo?, falou.

No município de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, devem ser plantados 250 hectares de floresta, reunindo além do pinheiro espécies como a erva-mate, bracatinga, imbuía e guabiroba. A ONG Instituto Desenvolvimento Sustentável, em parceria com indústrias, está planejando a compra de áreas equivalentes ao que 250 propriedades deveriam preservar. O local poderá virar bosque ou unidade de pesquisa. A idéia é estender o projeto para outras cidades.

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