Proposta do MEC para cursos de medicina gera polêmica

São poucas as pessoas que se formam em medicina e se dispõem a ir trabalhar nas cidades do interior do Brasil ou prestar serviços aos sistemas públicos de saúde, dando atendimento a populações que vivem em áreas mais carentes.

Com o objetivo de mudar essa realidade, o Ministério da Educação (MEC) vem estudando uma proposta que prevê o financiamento de cursos de graduação em Medicina a estudantes que se dispuserem a, depois de formados e por um período de tempo pré-determinado, prestarem serviços na rede pública. Porém, a proposta vem gerando polêmica e sendo alvo de críticas por parte de muitos profissionais da área médica.

No Paraná, o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Hélcio Bertolozzi Soares, é categórico em afirmar que o estudo, caso colocado em prática, ?vai tapar o sol com a peneira?, resolvendo apenas de forma momentânea o problema da falta de médicos no serviço público de saúde. ?O estudante que tiver acesso ao financiamento vai ser triplamente penalizado: vai ter que arcar com o financiamento, correr o risco de estudar em escolas de baixa qualidade e ainda passar um tempo considerável de sua vida preso ao sistema público, sem a chance de buscar melhores oportunidades?, afirma.

Segundo Hélcio, a solução para a escassez dos profissionais de medicina nas cidades do interior seria a criação de um bom plano de cargos, carreiras e salários para os médicos que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS), dando-lhes uma maior e melhor perspectiva de futuro. ?Atualmente, para quatro horas de trabalho, o salário de um médico dentro do SUS é inferior a R$ 2 mil. Um médico de família, que trabalha seis horas e não é concursado, estando sujeito a ser demitido a qualquer momento, ganha entre R$ 4,5 mil e R$ 6 mil. Por isso, os médicos acabam preferindo atuar no setor privado, cujas oportunidades costumam ser melhores?, diz.

Pela proposta do ministério, os jovens profissionais assinariam um contrato com o SUS com duração relativa ao valor das mensalidades a serem pagas e ao período de financiamento, que seria realizado através do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) – criado em substituição ao Programa de Crédito Educativo (Creduc). Embora a idéia seja iniciar os financiamentos com medicina, a intenção é de que, no futuro, o benefício também seja estendido a outros cursos da área de saúde, como por exemplo odontologia e fisioterapia. 

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