Brasília – Os movimentos sociais farão mobilizações mais intensas a partir de março para pedir o avanço do processo de reforma agrária no País em 2005. A afirmação é de Roberto Malvezzi, da coordenação nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em entrevista à imprensa, ontem.
Segundo Malvezzi, no próximo ano haverá mais pressão sobre o governo, mas com a preocupação de não acirrar os conflitos no campo. "Embora os trabalhadores se mobilizem e ocupem terras, há uma decisão do movimento social de não promover a violência para não atingir pessoas. A luta nesse sentido é desigual e o trabalhador que precisa de terra é quem invade e sabe que pode morrer. Só que ele não quer matar ninguém." Estatísticas da Pastoral da Terra indicam que, desde 1985, mais de 1,5 mil trabalhadores morreram em conflitos de terra, contra nenhuma morte de latifundiários.
O representante da entidade considera que o País, apesar da grande quantidade de terras disponíveis, continua muito distante de uma solução para a questão agrária. "No Brasil existem 850 milhões de hectares de terras, dos quais 420 milhões estão cadastrados. Metade das terras deste País, em tese, ainda estariam em aberto. Mas você tem a questão dos assentamentos, das comunidades quilombolas, a situação dos ribeirinhos, dos extrativistas e dos índios, e do ponto de vista da demarcação, o Brasil é um país não resolvido. Vai demandar por muito tempo a solução definitiva dos problemas de terras que o País tem em todos os seus aspectos", afirma.
Prioridade
Para Malvezzi, o governo federal precisa priorizar a questão e destinar mais recursos para a reforma agrária. "Falta uma decisão firme do governo de levar a reforma para frente. Mesmo tendo restringido o assentamento de um milhão para 400 mil famílias, o governo não vem conseguindo cumprir as metas que ele mesmo se propôs."