Projetos simples que mudam a escola

Quando uma pessoa sente orgulho do que faz, de um projeto que realiza ou de uma passagem de sua vida, a expressão de satisfação é evidente em seu rosto. Não tem como não perceber que aquilo é muito importante para a sua vida. E é exatamente isso que dá para notar quando se conversa com as professoras Maria Cristina de Andrade e Alessandra Cardozo Lopes. Independentemente do trabalho que precisam realizar dentro da sala de aula, as duas propuseram projetos dentro das escolas onde trabalham. As iniciativas das professoras deram certo e mudaram muitos aspectos no local de ensino. No Dia dos Professores, O Estado mostra estes dois casos, que servem de exemplo para os outros profissionais da área. Ainda mais por serem medidas simples e altamente criativas.

A professora Maria Cristina, mais conhecida como Cris, coordenou a implantação do xadrez, em abril deste ano, na Escola Municipal Germano Paciornik, no bairro Boqueirão, em Curitiba. Tudo começou quando a Secretaria Municipal de Educação perguntou se havia interesse em se praticar xadrez na escola. Diante da resposta positiva, a administração mandou o material para o jogo. ?Ganhamos o material e iniciamos aulas de xadrez com todas as crianças de 1.ª a 4.ª série da escola. Todas têm uma aula semanal, de 50 minutos. Algumas crianças já participam de torneios. No mês passado, realizamos um torneio dentro da própria escola, no qual participaram 110 crianças?, afirma. Além dos alunos do Ensino Fundamental, também participam do projeto as crianças do Ensino Infantil, que passam pela iniciação ao xadrez. No total, são 768 crianças envolvidas no trabalho.

Cris implantou o projeto de xadrez na Escola Germano Paciornik.

A professora Cris batalhou para que todos os alunos tivessem um tabuleiro e peças de xadrez, para a prática dentro e fora da escola. Por meio de uma parceria com uma empresa privada, obteve uma doação de um papel especial. Cada uma das crianças criou o seu próprio tabuleiro com este papel. As peças foram feitas com tampas de garrafas pet. ?O material tradicional é caro e a gente sabe que a maioria das crianças não tem condições de comprar. Assim, com o tabuleiro fabricado por elas mesmas, todas as crianças têm condições de praticar o xadrez?, comenta Cris.

Apesar do pouco tempo de implantação, o xadrez já trouxe excelentes resultados para a escola. São visíveis os benefícios causados dentro da sala de aula, independentemente da matéria. ?As professoras comentaram que muitos alunos mudaram dentro da sala. Melhoraram a atenção, a memorização, o comportamento e o desempenho. Aumentou a auto-estima das crianças. Até os pais se envolveram. Eles levam os filhos para participar dos torneios e têm auxiliado em casa. Para nós, é uma vitória. Dá trabalho, mas compensa demais?, relata.

As aulas de xadrez foram aprovadas pelos alunos da escola. ?No começo, achei que ia ser difícil. Hoje, gosto muito de xadrez. Até melhorei bastante em sala de aula?, diz Karine Correia Taborda, de 10 anos, que já participa de torneios fora da escola, conseguindo bons resultados. ?Achei que não ia conseguir aprender. Mas é muito legal. Jogo também em casa, com meu irmão e meu primo. Os meus pais acham legal e já pediram para que eu ensine o xadrez para eles. Se eu pude aprender, eles também podem?, acredita Caio Henrique Dias da Silva, de 10 anos. ?Eu gosto bastante?, completa Lucas Gabriel, de 7 anos.

Professora de química implantou patrulha ambiental

A professora Alessandra Cardozo Lopes, que dá aulas de química, implantou a patrulha ambiental dentro do Colégio Estadual Santa Cândida. Para ela, é essencial cuidar do ambiente da própria escola e, por meio disto, estender a conscientização sobre como cuidar da natureza para os outros alunos do colégio.

A patrulha ambiental é composta por 20 alunos do 2.º ano do Ensino Médio. Eles foram convidados a participar do projeto, de maneira voluntária, sem qualquer reversão como nota em seus boletins. A atuação acontece à tarde, no contraturno das aulas. ?A patrulha ambiental ajuda a recolher o lixo e fazer a separação dos materiais recicláveis. Mantém um mural no pátio da escola, no qual são colocadas informações, reportagens e frases sobre a importância de cuidar do colégio e do meio ambiente. Além disso, os alunos ajudam na manutenção do jardim da escola?, conta Alessandra.

Os integrantes da patrulha possuem um crachá de identificação, que permite a atuação dentro do colégio. Eles podem chamar a atenção de algum colega que esteja desrespeitando o ambiente. ?Os resultados foram bastante positivos. A quantidade de lixo no chão diminuiu bastante. Também fizemos uma rifa para comprarmos as lixeiras coloridas para a separação dos materiais?, explica Alessandra. O que é reciclável acaba servindo de matéria-prima para a produção de artesanato. As peças são distribuídas entre os alunos da escola.

Outra iniciativa bem interessante é o painel ?Cole seu Chiclete Aqui?. Pode até parecer um pouco nojento para alguns, mas o fato de os alunos não jogarem seus chicletes no chão já é uma vitória. Não tem nenhum grudado no pátio. A patrulha ambiental também produz, nas dependências da escola, o desinfetante ecológico, feito com produtos biodegradáveis. A receita é simples: álcool, gotas de limão, essência de eucalipto e amônia. O material de limpeza é doado para o próprio colégio.

A professora destaca que, além do trabalho prático, a patrulha ambiental também estuda muito. ?Eles são multiplicadores de opinião dentro do colégio. Recebemos material da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e os alunos da patrulha fazem a panfletagem dentro da própria escola?, esclarece. Outras escolas já demonstraram interesse em implantar o mesmo projeto. A patrulha ambiental recebe vários convites para mostrar o trabalho realizado no colégio. ?No início foi difícil convencer os outros alunos a ajudar. Mas agora todo mundo colabora.?

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo