Uma iniciativa desenvolvida pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em parceira com o Instituto de Pesquisas Cananéia (Ipec) tem possibilitado o aumento de pesquisas e monitoramento da fauna no ambiente estuário do complexo Cananéia (SP) – Paranaguá (PR). Considerado um dos maiores trechos contínuos da Mata Atlântica no Brasil, a região é pouco estudada devido à falta de acesso e alto custo. Porém através do projeto Cruzeiros Científicos, que é financiado pela Fundação Araucária, pesquisadores e acadêmicos estão tendo a oportunidade de ampliar seus estudos.

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O responsável técnico do projeto e aluno de mestrado do Laboratório de Biologia e Ecologia de Vertebrados da UFPR, Renato Garcia Rodrigues, explica que a metodologia do trabalho consiste em reunir os pesquisadores em saídas mensais, a bordo de uma embarcação baleeira de dez metros de comprimento, que percorre em quatro dias o trecho entre os dois estados. Segundo Rodrigues, atualmente estão sendo realizados nove projetos individuais de pesquisadores que estão concluindo trabalhos de graduação e pós-graduação. O foco das pesquisas são o monitoramento da fauna, que inclui vertebrados terrestres, aves aquáticas, mamíferos e tartarugas marinhas.

Entre os projetos em pesquisa estão o mapeamento da alimentação das tartarugas, a característica dos sons dos golfinhos, além da observação da presença de lontras e jacarés-do-papo-amarelo. ?A nossa idéia é aumentar o grau de conhecimento sobre a região, e por isso temos interesse que mais pesquisadores se integrem ao grupo?, disse. Ele ressalta que a região é uma importante fonte de pesquisa não só por estar inserida na Mata Atlântica, mas por formar um mosaico de unidades de conservação – estão inseridos nessa área o Parque Estadual da Ilha do Cardoso, Estação Ecológica dos Tupiniquins, Parque Nacional do Superagüi, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Sibui, Área de Proteção Ambiental (APA) Cananéia, Iguape e Peruíbe, e APA de Guaraqueçaba.

O Cruzeiros Científicos irá completar um ano de atividades, e até junho de 2007 os participantes devem concluir a geração de três mapas temáticos com um banco de dados sobre a distribuição de cada espécie existente na região. Isso, afirma Rodrigues, irá facilitar o trabalho de futuras pesquisas. 

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