Em cruzamentos

Projeto prevê implantação de faixa de espera para motos

Depois da via calma e da faixa exclusiva para ônibus, a próxima novidade no trânsito de Curitiba pode ser a faixa de espera para motocicletas, que volta a ser discutida. Projeto de lei protocolado na última quarta-feira na Câmara Municipal pelo vereador Zé Maria (Solidariedade) prevê a delimitação de uma área horizontal (bolsão) para motos entre a faixa de pedestres e o limite de parada dos carros. Esta é a segunda vez, em menos de um ano, que o projeto para implantação do bolsão é protocolado. Em junho deste ano, a Câmara arquivou o projeto do vereador Chico do Uberaba (PMN), protocolado em setembro de 2013, sob a justificativa de que a “matéria é de atribuição exclusiva do Executivo Municipal”.

Antes mesmo de chegar às comissões da Casa, o projeto já causa polêmica nas ruas da capital. Segundo o autor da nova proposta, o objetivo da iniciativa é aumentar a segurança para quem trafega sobre duas rodas e diminuir o número de acidentes envolvendo motos nos cruzamentos. Só no primeiro semestre de 2014, o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) registrou 1.465 ocorrências com motos na capital paranaense, que deixaram 1.371 feridos e cinco mortos. Isso significa uma média de 244 colisões por mês, o que representa oito casos diários. “As motocicletas ficam presas no meio do trânsito e se tiver um local de espera, elas poderão arrancar antes. Isso vai aliviar o trânsito, evita acidentes, quebra de retrovisores”, exemplifica Zé Maria.

Na justificativa do projeto, o parlamentar cita que esse tipo de sinalização já vem sendo usado com êxito nas cidades espanholas de Barcelona e Madri. Em Barcelona, foi testada em três cruzamentos em 2009 e hoje já atinge 60. “A autoridade de trânsito em Barcelona, onde motos são 29% da frota de veículos, avalia que a área de espera exclusiva para motos diminui em 90% o risco de acidentes com motos nos cruzamentos daquela metrópole”, cita.

Aprovado, o projeto deve ficar seis meses em fase de testes e com campanha educativas. “Depois deste prazo, os órgãos responsáveis pelo gerenciamento do trânsito em Curitiba tomarão as medidas necessárias para quem não respeitar o bolsão”, comenta Zé Maria.

No Brasil, São Paulo adotou o projeto em abril do ano passado e está ampliando o número de bolsões. Hoje já são 148. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, os bolsões ajudaram a reduzir o número de acidentes. Porém, São Vicente, no litoral paulista, foi a primeira cidade brasileira a adotar os bolsões.

BPTran apoia medida

O Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) avalia positivamente a proposta de criação de bolsões de espera para motociclistas e ciclistas, pela segurança maior que dará a quem utiliza meios de transporte de duas rodas. “Percebemos que em outras cidades deu certo. São Paulo é um exemplo que funcionou. Se for implantado aqui, esse espaço específico para motos vai diminuir infrações de desrespeito à faixa de pedestres e avanço do sinal vermelho pelos motoqueiros”, avalia o tenente Ismael Veiga.

Para ele, além de garantir mais segurança, a medida deve cooperar para trazer mais agilidade ao trânsito, já que ao invés de ficarem nos corredores entre os automóveis, as motos arrancariam antes e não simultaneamente com os demais veículos.

O tenente do BPTran acredita que os motoristas da capital rapidamente assimilariam a mudança, “assim como ocorreu com a canaleta exclusiva para ônibus na XV de Novembro’. Na opinião de Veiga, “quando existe alguma normativa, o curitibano costuma respeitar”.

Acidentes

De acordo com levantamento do BPTran, embora os automóveis representem cerca de 70% da frota de C,uritiba e as motos menos de 10%, quando se trata de acidentes graves os papéis se invertem. “Motos estão envolvidas em 70% e carros em 30%”, destaca o tenente.

Apesar do crescimento do número de motocicletas na capital, a quantidade de acidentes e vítimas ficou estável em relação ao mesmo período do ano passado. Já as mortes caíram 37,5%. O porta-voz do BPTran atribui a redução expressiva à lei seca, à nova lei do motofrete e às campanhas educativas.

A secretária de Trânsito de Curitiba, Luiza Simonelli, só vai se posicionar sobre o projeto depois de ter acesso ao conteúdo.

Paraná Online no Google Plus

Paraná Online no Facebook

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna