Em breve, os veículos de comunicação – jornais impressos, emissoras de rádio e televisão – poderão ser obrigados a realizar campanhas para encontrar crianças e adolescentes desaparecidos dentro do território nacional. A ação está prevista no Projeto de Lei 1.721/96, da deputada federal Telma de Souza (PT-SP), que recentemente foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, e ainda tramita no Senado.
A deputada acredita que, com a transmissão das campanhas, as chances de as crianças e adolescentes serem encontrados irá aumentar consideravelmente, pois as informações estarão chegando de forma rápida a uma grande quantidade de pessoas, em diversas regiões do País. A freqüência com que as campanhas poderão ser veiculadas em cada meio de comunicação ainda não foi definida. "Com a veiculação do rostinho das crianças desaparecidas nos jornais e na televisão e a descrição das mesmas nas rádios, o objetivo é otimizar as ações de procura. Desta forma, poderemos sensibilizar a população para a questão, tendo os cidadãos comuns como cúmplices e aliados nas investigações policiais", declara Telma.
A possível veiculação obrigatória de campanhas vem sendo comemorada por integrantes do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas do Paraná (Sicride-PR). Eles acreditam que o projeto é tardio, mas, se colocado em prática, poderá ajudar muito na solução de casos de desaparecimento. "Quanto antes o rosto de uma criança ou adolescente desaparecido começa a ser mostrado nos veículos de comunicação, maiores são as chances de sucesso do trabalho desenvolvido pelos investigadores do Sicride", diz o delegado do Grupo Tigre, Silvio Rockembach, que atualmente está respondendo interinamente pelo Sicride-PR.
Desde a criação do serviço, em 1995, foram investigados 789 casos de desaparecimento, sendo 779 solucionados. Só este ano, de primeiro de janeiro ao último dia 31 de outubro, foram 84 desaparecimentos. Destes, 82 tiveram solução.