Projeto da Cohab sofre resistência de moradores

Enquanto uns aguardam vários anos por uma casa da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), outros recebem o benefício e não querem se mudar. Dentro do projeto “Morar em Curitiba”, que faz o reassentamento de 6.090 pessoas em situação de risco ou insalubridade em novas casas e ainda promove a regularização fundiária de 5.910 pessoas que vivem em áreas irregulares, não são poucos os contemplados que preferem continuar vivendo no perigo a se mudar.

Três casas de um projeto no Jardim Aquarela, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), estão com as portas trancadas, sendo depredadas, por que funcionários da Cohab ainda tentam convencer os proprietários a se mudar.

Duas famílias acreditam que as casas que construíram com as próprias mãos na beira do rio valem mais do que a casa popular. A terceira casa seria destinada a um senhor que tem uma criação de patos e se negou a ir porque não conseguiria levar seus animais para o novo lar, que fica na outra margem do Contorno Sul.

Teresinha Xavier da Silva preferiu se mudar a continuar sofrendo com os alagamentos a cada chuva. O problema é que, enquanto as três casas estão fechadas, ela vive amontoada com dez pessoas na mesma residência.

“Muita gente pegou as casas e vendeu por até R$ 2 mil. Tem gente invadindo as que ficaram abandonadas para roubar vaso, pia e fios”, desabafa. De acordo com Nelcimari Amaral, diretora de atendimento da Cohab, quando Terezinha foi cadastrada, em 2006, tinha uma família de sete pessoas.

Ela e a filha foram contempladas com uma casa para cada uma, mas Terezinha trouxe familiares do interior. Já as três casas que estão vazias terão de ser ocupadas pelos proprietários, pois eles deverão ser removidos em breve de suas antigas casas, construídas em área de preservação ambiental.

“Estamos tramitando a documentação, mas as pessoas não querem ir, nos ameaçam e não participam de reuniões”, afirma Nelcimari. Em casos como o de Flávio Alexandre Backes, a fila de espera é alterada por situações de emergência.

Ele construiu há cinco anos uma casa para morar com a esposa e as filhas de três e sete anos próximo a uma valeta, mas as paredes do banheiro e da cozinha desabaram na quinta-feira passada.

O projeto das Moradias União Ferroviária (MUF) já contemplou com novas casas as pessoas que moravam em pontos ainda mais perigosos do Icaraí. Depois da construção de diques, foram abertas duas ruas para dar acesso ao futuro Parque Náutico.

Por se tratar de um caso de emergência, Flávio será colocado à frente na fila de entrega das casas do MUF. Até a casa nova chegar, a família aguarda com ansiedade.

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