A estudante Quele Cristina Dias da Costa teve que abandonar um curso superior por falta de condições financeiras. Já Josuel Patrocínio não conseguia obter aprovação em uma faculdade. Hoje, Quele faz Relações Públicas, enquanto Josuel cursa Engenharia Mecânica. Ambos estudam em duas faculdades particulares de Curitiba. Os dois estudantes fazem parte, junto com outros treze alunos, do projeto Adebori, que visa garantir a permanência de negros em universidades do Paraná.
O projeto começou este ano, e é uma das ações desenvolvidas pelo Instituto de Pesquisa e Afrodescendência (Ipad). De acordo com a presidente do instituto, Marcilene Garcia de Souza, uma pesquisa feita em 2000 pela Universidade Federal da Bahia identificou que a população de negros no Paraná é de 22%, mas apenas 1% dela ocupa vagas nas universidades. “Isso reflete a situação de exclusão que o negro está exposto no Estado”, disse.
E foi a partir desses resultados que surgiu o projeto Adebori. Além de uma bolsa mensal de R$ 250, os estudantes têm desconto nas mensalidades das faculdades particulares, e contam com apoio psicológico e educacional. Segundo Marcilene, os alunos também participam de um projeto de pesquisa científica desenvolvido pelo Ipad, que vai levantar as relações raciais, a história e cultura da África, e direitos humanos.
O projeto é bancado através de parcerias, com as universidades, empresas e órgãos públicos. Um exemplo disso foi o convênio assinado ontem com a Fundação Escola do Ministério Público (Fempar), que fará um repasse mensal de R$ 1 mil para o projeto, além de disponibilizar a utilização do espaço físico da sede da fundação para o instituto. Para os acadêmicos, de Pedagogia, Elisângela de Faria, e de Educação Física, José Almada, iniciativas como essa ajudam a manter o projeto e dá oportunidade que outros jovens também tenham a mesma chance. “Temos uma segurança para continuar estudando”, disse Elisângela.