O episódio de intoxicação alimentar ocorrido em Londrina, no norte do estado, na última semana, que levou mais de 40 pessoas ao hospital depois de consumirem lanches em um trailer, mobilizou entidades ligadas à programas de segurança na manipulação de alimentos para alertar consumidores e ambulantes sobre os cuidados que garantem a boa qualidade da comida nos carrinhos. O primeiro ponto, destacam, é informação. Conhecer as condições em que se deve manter o alimento e observar o local de preparo e origem dos ingredientes utilizados pode evitar doenças e garantir tranqüilidade a comerciantes e clientes.
Quem dá o alerta é a instrutora do Senac e consultora técnica nacional do Programa Alimentos Seguros (PAS) – que orienta sobre a comercialização adequada dos alimentos – Luana de Assis. Ela garante que os ambulantes têm, sim, totais condições de vender lanches e outros tipos de comida com higiene e segurança, desde que se empenhem em seguir determinadas orientações. ?O problema é que muitas vezes as pessoas acham que, para vender na rua, vale o mesmo bom senso que têm para produzir alimentos que consomem em casa?, explica.
Luana é instrutora do Senac. |
Não é bem assim. Os ambulantes são desfavorecidos, por exemplo, pela estrutura que possuem. ?A maioria não tem ponto de água. Por isso, orientamos que, no momento em que vão ao banheiro, levem um kit de higiene, lavem as mãos e usem com freqüência o álcool gel, até porque muitos deles também manipulam o dinheiro junto com o alimento?, indica. A falta de geladeira também pode ser compensada, mas de maneira coerente. ?Se é necessária refrigeração, orientamos que eles mantenham um isopor com gelo potável e o alimento sempre embalado dentro dele?.
Alimentos que podem ser perigosos, como a maionese caseira, não devem ser comercializados. O recomendável é que sejam utilizados sachês e, quando isso não é possível, que a higienização e temperatura dos tubos sejam mantidas adequadamente.
?Ensinamos a eles todos os passos de preparo e armazenamento, esclarecendo que podem proporcionar a proliferação de microorganismos transmissores de doença caso manipulem o alimento de forma errada. A compra adequada de matérias-primas, conservação sob temperaturas controladas e higiene são temas abordados?, resume a instrutora do PAS.
O programa, mantido pelas instituições do sistema S, atende atualmente em Curitiba 40 ambulantes, e já alcançou mais de 80 em todo o Paraná. Mas uma parceria firmada recentemente com as secretarias de Saúde e Urbanismo da capital pretende estender o curso a todos os ambulantes da cidade (são cerca de 900, no total), ainda no ano que vem. Há estimativa também de levar o programa para Londrina, evitando novos episódios como o do final de semana passado.