A APP-Sindicato, que representa os servidores da educação do Paraná, avalia que a categoria vai dividida pra assembleia que ocorre hoje, no estádio da Vila Capanema, quando será votado o fim da greve. Os servidores decidem nesta manhã se aceitam ou não a proposta de reajuste salarial apresentada na última quarta-feira e enviada ontem pelo governo à Assembleia Legislativa. Por volta das 9h o movimento já era grande no estádio.

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Dirigentes do sindicato contam que a proposta do Executivo não agradou a categoria. Mesmo assim, o fim da greve não está descartado. “Tem muita gente achando a proposta ruim e defendendo a continuidade da greve. Mas tem muita gente que também não gosta da proposta e quer voltar pras salas de aula”, diz Luiz Fernando Rodrigues, diretor de comunicação da APP.

Proposta

O projeto de lei enviado ontem pelo governo à Assembleia estabelece o pagamento de reajuste de 3,45%, em parcela única, em outubro, pra todos os servidores. O valor é referente à inflação entre maio e dezembro de 2014. No início do próximo ano haverá reposição integral da inflação de 2015. Hoje, o índice projetado é de 8,37%.

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O projeto também estabelece pra 1.º de janeiro de 2017 a aplicação integral da inflação do ano anterior. Além disso, o governo vai conceder adicional de 1% pra todas as categorias. A partir de 2017, a data-base do funcionalismo voltará pra 1.º de maio e haverá reposição da inflação acumulada entre janeiro e abril.

Protesto

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Cerca de 80 professores em greve tomaram o “café da manhã”, ontem, em frente ao prédio onde mora o governador Beto Richa, no Mossunguê. Seguranças acompanharam a manifestação, que se estendeu até por volta das 9h. O grito de guerra “ô vizinhança, toma cuidado, o Beto Richa mora ao lado” era o mais usado pelos manifestantes. Até então, protestos semelhantes já tinham sido organizados em frente às casas de deputados estaduais.

Categoria unida para decidir sobre o futuro da greve. Foto: Aliocha Maurício.

Secretaria vai negociar descontos

A Secretaria Estadual de Educação (Seed) confirmou que houve o desconto nos salários de cerca de 20 mil funcionários relativos a quatro dias de faltas em abril. Em nota, a pasta impôs uma condição pra que haja pagamento desses dias em folha complementar. Haverá reembolso, segundo a Seed, se houver a entrega dos relatórios mensais de frequência (RMFs) até o dia 12 de junho.

A pasta também se comprometeu a não abrir processos administrativos contra diretores de escolas, desde que eles entreguem os RMFs dos professores e funcionários referente a abril e maio até 12 de junho, e de junho até 5 de julho. A secretaria diz ainda que “as faltas de maio e junho serão negociadas mediante reposição das aulas”. Outro ponto mencionado é que não serão feitas rescisões de contratos de professores temporários em função das faltas durante a greve.

O abono das faltas e a garantia de que não haverá qualquer punição aos grevistas foram apresentadas pela APP-Sindicato como condições pro encerramento da greve.

Juiz inocenta manifestantes

O juiz Marcel Luiz Hoffmann, do 2.º Juizado Especial de Curitiba, determinou o arquivamento do termo circunstanciado que investigava manifestantes que participaram dos protestos de 29 de abril no Centro C&iacute,;vico. Na prática, isso significa que os detidos pela polícia naquele dia foram inocentados por falta de provas contra eles.

Na ocasião, servidores e estudantes protestavam contra o projeto que alterava o fundo de previdência dos funcionários públicos do estado. A repressão policial foi violenta e deixou mais de 200 pessoas feridas.
A Polícia Militar fez várias prisões de manifestantes, alegando que eles atuaram de maneira violenta e incitaram a violência. O governador Beto Richa falou repetidas vezes em agitadores e black blocs. Foi apresentada uma série de “materiais” que serviriam pro confronto com a PM, como paus, pedras e coquetéis molotov.

A OAB e a Defensoria Pública disseram que os detidos não tinham nenhum material perigoso – os paus e pedras não pertenciam a nenhum deles, aparentemente, e ninguém sabe de onde surgiram. Todos eram estudantes, professores ou servidores.

Segundo o juiz, não há provas e nem depoimentos de policiais que confirmassem que os implicados poderiam agir contra as forças de segurança. Pra ele, o termo de prisão dos detidos “é vago e impreciso”. O Ministério Público do Paraná também opinou pelo arquivamento da acusação.