Parte dos professores da Escola Nice Braga, em Curitiba, municipalizada em 2001, foi trabalhar ontem, mas não entrou em sala de aula, como forma de protesto. Todos os professores do Estado que estão servindo em escolas municipais, incluindo os que atuam nas Apaes, não receberam o auxílio-transporte como previa o Plano de Cargos e Carreiras que entrou em vigor em maio.
Segundo o presidente da APP-Sindicato, José Lemos, o diretor-geral da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Ricardo Bezerra, teria reconhecido que houve um erro de interpretação da lei e iria tentar corrigir a situação. No mês passado, o governo chegou a pagar o benefício, mas foi cortado. Além disso, os docentes teriam que devolver o dinheiro.
A professora Beatriz Regina da Silva trabalha há 10 anos na Escola Nice Braga. Quando foi municipalizada, ela pôde escolher entre mudar para uma unidade estadual ou continuar na escola. Preferiu a segunda opção devido aos vínculos já criados com os moradores e outros professores. Segundo José Lemos, mesmo atuando numa escola municipal, os seus direitos são iguais aos demais professores. O plano concede o benefício a todos os docentes da ativa vinculados ao Estado. Além de Beatriz, mais 22 professores da escola estão na mesma situação.
Beatriz não se conformava em ficar sem o auxílio, transporte. ?De que adianta estudar. A maioria de nós aqui tem curso superior e até pós-graduação?, aponta. Segundo ela, o salário base justifica a indignação: R$ 308. Se tiver que arcar com os custos do transporte, como vinha ocorrendo, sobra apenas R$ 225. Com o plano, cada professor passa a ter direito a receber R$ 150 de auxílio por 20 horas de trabalho. Mas além de deixar de receber o benefício, ela ainda teria que devolver o dinheiro.
José Lemos afirma que o sindicato esteve ontem reunido com Bezerra e a situação deve ser resolvida com a emissão de uma folha de pagamento suplementar. Ele não sabe precisar quantos professores foram atingidos, mas passam de mil os que trabalham nas Apaes. A Escola Nice Braga atende turmas de maternal, jardim I, II e II e duas turmas de 3.ª série. Ontem os alunos foram atendidos por educadores e inspetores.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação informou que o caso está sendo verificado, e apenas hoje teria uma resposta sobre o assunto.