Um grupo de professores de Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, promoveu ontem um protesto pedindo a melhoria salarial da categoria. Eles alegam que o salário-base do professor é de R$ 340,54, que, com os descontos, cai para R$ 290. Além disso, o valor está abaixo do salário mínimo nacional (R$ 350). Caso não tenham a reivindicação atendida, ameaçam entrar em greve a partir de março.
Os professores se concentraram logo cedo e seguiram em passeata até a Prefeitura Municipal. Segundo a presidente do sindicato da categoria, Benedita Isabel dos Santos, os professores estão sem reajuste há dez anos e hoje ainda tem um piso salarial abaixo do salário mínimo, o que é inconstitucional. Nesse período, afirma a professora Angela da Silva Rocha, as perdas salariais já atingem 74%. ?Queremos uma data-base e um salário digno, senão vamos entrar em greve a partir do dia 2 de março?, falou. A professora Vanessa da Costa Leal contou que, para conseguir ganhar um pouco mais, a grande maioria dos educadores assume dois padrões, ou seja, trabalha oito horas por dia. ?Mas mesmo assim, com todos os descontos, o valor fica em R$ 580.?
A presidente do sindicato, Benedita Santos, afirmou que os educadores também querem uma nova prestação de contas sobre a aplicação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), já que, segundo ela, apesar do município ter recebido do governo federal um valor maior em 2006, repassou menos para os professores, se comparado com 2005.
O secretário de Educação de Almirante Tamandaré, Romildo de Brito, se disse surpreso com a manifestação dos professores, porque na segunda-feira eles teriam se reunido com o prefeito para discutir o assunto. ?Na reunião, o prefeito explicou que não poderia dar nenhum reajuste agora porque depende da divulgação dos índices que o governo federal irá definir, já que a agora o Fundef será substituído pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb)?, explicou. Isso deve acontecer até 22 de fevereiro.
De acordo com o secretário, os próprios professores formaram um grupo que discutiu um plano de cargos e salários e, na oportunidade, não definiram nenhum piso salarial. Ele disse que não concordou com a manifestação. ?Os alunos foram dispensados por um bilhete encaminhado pelo sindicato, que não tem competência para isso?, afirmou. Os professores que não trabalharam ontem terão o dia descontado dos salários. Dos 595 professores de Almirante Tamandaré, 236 têm dois padrões.