Cerca de três mil professores e funcionários de escolas públicas do Paraná participaram de uma manifestação, ontem, em Curitiba. Eles se concentraram na Praça Santos Andrade, e seguiram em passeata até o Palácio Iguaçu, onde reuniram-se com representantes do governo. Entre os principais pedidos estavam o reajuste salarial e aplicação de 25% do orçamento do Estado na Educação. Segundo a APP – Sindicato, 80% da categoria aderiu à paralisação de ontem. A Secretaria de Educação não divulgou levantamento sobre as escolas que tiveram as aulas suspensas.
Com faixas, bandeiras e apitos, os manifestantes deixaram a praça por volta das 10h e seguiram pelo centro da cidade até o Palácio. Com medo de invasões, seguranças trancaram as portas, e os servidores colocaram cartazes e faixas nas paredes do prédio. O objetivo era permanecer no local até que fosse divulgado o resultado de uma reunião que iria acontecer à tarde, entre a direção da APP e os secretários estaduais da Educação, Maurício Região; do Planejamento, Eleonora Fruet; da Administração, Reinhold Stephanes, e da Fazenda, Eron Arzua.
De acordo com o presidente da APP-Sindicato de Professores, José Lemos, a paralisação foi apenas de alerta, garantindo que a categoria pode entrar em greve se o governo não aceitar negociar. Segundo Lemos, os servidores exigem a aplicação de 25% do orçamento do Estado na Educação. Com esse índice, argumenta, o governo teria condições de melhorar os salários. “Até hoje foram aplicados apenas 17% na Educação. Isso, além de ser imoral, fere o que determina a Constituição Federal”, disse Lemos. Para cobrir essa diferença, calcula o sindicalista, o governo precisaria remanejar, de outras fontes, cerca de R$ 500 milhões. Em cinco anos sem reajuste, os professores estimam que estão com os salários defasados em 91%. José Lemos ressalta que a categoria – 18 mil aposentados e 95 mil na ativa – representam 51% do funcionalismo, porém os salários – cerca de R$ 80 milhões por mês – , não ultrapassam 20% do total pago para os servidores públicos. “Se o governo fizer o remanejamento dos recursos terá condições de dar o reajuste de 91%”, afirmou.
Descontos
O governador Roberto Requião garantiu que iria descontar o dia não trabalhado e o dia de descanso remunerado dos professores que participaram da manifestação. Segundo Requião, não existem motivos para a mobilização, afirmando que o atual governo vem fazendo uma “revolução” na Educação do Paraná. Entre os benefícios concedidos para a categoria está o aumento da hora-atividade, pagamento de 1/3 de férias e abono, e a realização de concurso público para 16 mil professores.
“Acho que isso é uma tolice e acredito que menos de 2% dos professores aderiram a esse movimento”, falou Requião. Ele admitiu que os salários pagos no Paraná são baixos, e prometeu implantar um salário mínimo no Estado para corrigir essas distorções.
Governo dará resposta no dia 1.º
O governo do Estado deve apresentar no dia 1.º de julho a posição sobre o pedido de reajuste salarial dos professores e funcionários da rede de ensino. Além disso, uma comissão formada por membros do governo e da APP, Sindicato deve elaborar um Plano de Cargos e Salários, que será encaminhado à Assembléia Legislativa possivelmente em agosto. A decisão foi anunciada na tarde de ontem, depois de mais de duas horas de reunião a portas fechadas no Palácio Iguaçu, entre secretários de Estado, deputados estaduais e uma comissão da APP-Sindicato.
“Neste momento não há como conceder o reajuste que eles pedem. Daqui a quinze dias, nós vamos tentar”, declarou o chefe da Casa Civil, Caíto Quintana. O secretário de Estado da Educação, Maurício Requião, admitiu que o salário do professor paranaense é um dos mais baixos do País. “Existe determinação do governador de que o salário dos servidores da educação sejam aumentados tão logo seja possível”, falou. “A meta do governo é recompor o poder aquisitivo dos professores”, completou.
Insatisfeito
O presidente da APP- Sindicato, José Lemos, deixou a reunião mostrando insatisfação. “Vamos lutar para que no dia 1.º o governo de fato apresente uma proposta”, comentou Lemos. De concreto mesmo, ficou definida apenas a data do novo encontro e a elaboração do Plano de Cargos e Salários. Também os vales-transporte, que estavam sendo entregues com atraso, deverão ser colocados em dia. Segundo Lemos, o dia de paralisação deverá ser reposto, portanto não haveria por que o governo descontar um dia de trabalho.