Professores lembram violência policial

Há exatos quatorze anos, a educação do Paraná vivia o episódio mais triste de sua história. Em 30 de agosto de 1988, após 22 dias de greve da rede pública de ensino, professores, pais de alunos, representantes de entidades sindicais e líderes religiosos entravam em confronto com mais de trezentos soldados da Polícia Militar que cumpriam ordens diretas do comando geral da entidade. Dezenas de professores ficaram feridos e muitos foram presos pela PM. Na época, o então governador, Álvaro Dias, e seu secretário da Segurança, Antônio Lopes de Noronha, afirmaram que a polícia teria agido com “civilidade” no caso. As imagens de “civilidade” da PM repercutiram em todo Brasil: professores sendo pressionados contra as grades do Palácio Iguaçu pelos cavalos da PM, acuados por bombas de efeito moral e atacados com cassetetes.

Lembrança

O fatídico episódio transformou o 31 de agosto em um marco de luta dentro da APP-Sindicato, que realiza manifestações anuais lembrando a data. Professores da rede estadual do interior e da capital percorrem o mesmo trajeto daquele 31 de agosto, da Praça Santos Andrade até o Palácio Iguaçu. “Este ano não vai ser diferente”, explica o presidente da entidade, professor José Lemos. A data é chamada de “Dia de Luto e Luta”. “Não adianta apenas chorar. Foi um episódio triste, é claro. Mas temos de aproveitar a oportunidade para brigar por nossos direitos.”

Este ano, o movimento vai pressionar o governo para que atenda antigas reivindicações da categoria, como a reposição salarial, a extensão de benefícios para aposentados e a regularização de mais de dois mil funcionários contratados sem concurso após 5 de outubro de 1988. “Esses professores não está recebendo o que recebem os concursados. Só que isso foi um erro do próprio governo. Os profissionais não podem pagar por esse erro.”

O presidente da APP-Sindicato prefere não fazer previsões sobre o tamanho da manifestação de hoje. “São esperados vários ônibus do interior e muita gente da capital, mas não posso arriscar um número.”

Embora alguns colégios adotem o recesso, a indicação da Secretaria de Educação (Seed) é de que as aulas transcorram normalmente.

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