A reivindicação pelos 33% da jornada de trabalho como hora-atividade mobilizou professores da rede estadual de ensino. Ontem, educadores de todas as regiões do Paraná realizaram nesta quinta-feira (9) atos para sensibilizar a população sobre a importância de aumentar a parcela de hora-atividade. Os professores também aplicaram aulas de apenas 30 minutos, contra os usuais 50 minutos para cada disciplina.
Hora-atividade é o período extraclasse em que o professor prepara as aulas, corrige as provas, faz reuniões com os pais, discute metodologias e participa de cursos de atualização. Atualmente, os professores possuem 20% de hora-atividade para a jornada de trabalho. Os educadores que trabalham apenas em um período têm carga horária de 20 horas semanais. A maioria acumula dois períodos, que podem ser exercidos ou não na mesma escola, somando 40 horas de jornada de trabalho por semana.
O professor muitas vezes não consegue dar conta de tanta tarefa e leva trabalho para casa. “O professor não é uma máquina de dar aulas. Precisa se preparar cotidianamente. Decorrente da falta de tempo, os professores não dão conta para fazer tudo na escola e levam trabalho para casa. Muitas vezes não tem final de semana para descansar”, revela Sebastião Camargo, professor de História e Metodologia que participou do ato promoivido Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Paraná (APP-Sindicato) na Boca Maldita, centro de Curitiba.
A presidente do APP-Sindicato, Marlei Fernandes, lembra que os 33% de hora-atividade estão previstos na lei federal 11.738, de 2008. O aumento proporcionará uma melhor preparação do professor e isto vai impactar de maneira positiva na sala de aula. “O professor fica sobrecarregado. Quem dá dez aulas por dia passou no mínimo por 400 alunos. Somente em um dia”, explica.
Marlei Fernandes destacou que 90% das escolas estaduais aderiram à mobilização desta quinta-feira. Ela explica que o sindicato e a Secretaria de Estado da Educação (Seed) estão conversando mensalmente sobre as reivindicações dos professores. Sobre a hora-atividade, ainda não foi apresentada uma proposta formal para a implantação dos 33%. “Conversar, nós estamos comversando. Mas as conversas têm se alongado demais. Precisamos de uma proposta mais efetiva. Já fizemos estudos sobre as finanças do Estado, junto com o Dieese, e o governo tem condições de aplicar os 33% de hora-atividade e também o piso nacional do professor”, ressalta Marlei.
A Seed, por meio de assessoria de imprensa, divulgou nota afirmando que o diálogo com os professores tem sido prioridade do governo do Estado. A secretaria confirmou que estão sendo realizadas reuniões mensais e ressaltou avanços na educação do Estado desde o ano passado, como com a contratação de professores. Sobre a hora-atividade, a Seed informou que pretende avançar sempre com o diálogo com a categoria, de maneira harmoniosa e transparente, “preservando o direito da população ao acesso a uma educação de qualidade, um compromisso de todos nós, sempre valorizando os profissionais da educação”.