Professores e alunos das universidades federais realizam amanhã uma marcha contra a reforma universitária, em Brasília. Representantes sindicais de outras categorias também participam do protesto, expondo posições contrárias à reforma sindical e à flexibilização das leis trabalhistas. Seis ônibus saem do Paraná rumo ao Distrito Federal. Estima-se que a marcha reúna entre 15 e 20 mil pessoas, entre elas integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na Esplanada dos Ministérios.
O diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Affonso Cardoso, explica que a marcha faz parte do calendário aprovado em setembro pela Andes, o sindicato nacional dos professores. Ele estima que 110 estudantes do Estado participem do protesto. Os manifestantes de todo o Brasil se reúnem no começo da manhã em frente à Catedral de Brasília e percorrem toda a Esplanada dos Ministérios. Depois, com carros de som, fazem uma parada no Palácio do Planalto.
Cardoso informa que os professores e alunos do Paraná pedirão a retirada dos projetos sobre as universidades públicas já enviados ao Congresso Nacional. "O governo, talvez em novembro, mande o projeto da lei orgânica do ensino superior, que normatiza as universidades públicas. Na intenção do governo, a universidade estará voltada ao mercado, autônoma e sustentando parcerias com empresas privadas. Somos contra o projeto geral e queremos a retirada de todos aqueles que o governo já apresentou", afirma.
Para Cardoso, a União somente discutiu a reforma universitária com as instituições de ensino privadas. "Todos os projetos que alteram a universidade pública não foram discutidos com ninguém e mesmo assim já estão aprovados. O governo não consultou ninguém, embora tenha dito que sim", comenta.
Segundo o DCE e a Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (Apufpr), o ensino superior público brasileiro passa por sucessivos cortes de verbas em sua manutenção. A redução chega a 50% na última década. Existe um déficit de 18 mil professores e 21 mil técnicos na estrutura. O Programa Universidade para Todos (Prouni) já está em vigor por medida provisória e, de acordo com as entidades, vai transferir R$ 3,5 bilhões em isenções fiscais para as universidades particulares em troca de abertura de vagas para estudantes vindos de escolas públicas ou afro-descendentes. Se a mesma verba fosse aplicada nas instituições federais, mais de 900 mil vagas poderiam ser abertas neste segmento.