Um mês da "guerra"

Professores e centrais sindicais protestam contra Beto Richa

Há exatamente um mês, no dia 29 de abril, o Centro Cívico, em Curitiba, virou uma praça de guerra noticiada em várias partes do Brasil e até fora dele. Nesta sexta-feira (29), Dia Nacional da Gentileza, professores e educadores voltaram às ruas para lembrar o dia que foram barrados, de forma violenta, a acompanhar a votação do projeto que alterou o Paraná Previdência, na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).

Aproximadamente 3 mil pessoas, entre educadores, profissionais das escolas, alunos e outros trabalhadores, tomaram conta do Centro Cívico. A concentração foi na Praça 19 de Dezembro (a Praça do Homem Nu) e seguiu em carreata até a frente do Palácio Iguaçu, onde permaneceram por cerca de uma hora.

“A nossa intenção é a de lembrar o dia 29 de abril, dia do massacre e mais antidemocrático momento da nossa história. O dia que o governo do estado atirou bombas, cachorros e cassetetes em cima da educação”, disse Marlei Fernandes, representante da App-Sindicato. “Não queremos que um dia como este se repita nunca mais na nossa história”, ressaltou.

Categoria segue unida em busca de melhorias. Foto: Aliocha Maurício.

Apoio de estudantes

A presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas, Ramira Alanis, afirmou que a entidade acompanha os professores a fim de passar aos alunos a situação vivenciada pela categoria fora da sala de aula. “Temos hoje um grande sufocamento na escola. Falta desde o giz até computadores e salário dos professores. Entendemos que esse debate deve chegar aos estudantes para que todos entendam os motivos da greve”, disse a jovem.

A greve

Os professores continuam com as atividades paradas. Na próxima semana, a APP-Sindicato vai apresentar na Alep um conjunto de medidas e um substitutivo geral à proposta apresentada pelo governador Beto Richa nesta semana. “Não tem nenhuma possibilidade de aceitarmos o que foi proposto. A partir de segunda-feira estaremos na Alep apresentando emendas e um substitutivo geral. Vamos disputar deputado por deputado para que eles votem na nossa proposta”, disse Marlei.

Também na próxima semana o sindicato fará plenárias com os pais e mães de alunos. “Nós queremos voltar, mas quem continua com a intransigência é o governador. Não estamos em greve há um mês para receber um reajuste de R$ 25 daqui três meses”, disse a representante. Uma nova assembleia entre os professores para decidir os rumos da greve está marcada para o dia 9 de junho.

Multa

A greve dos professores foi declarada ilegal em março, quando a Justiça determinou multa de R$ 20 mil por dia, em caso de descumprimento da medida. Em abril, em nova determinação, a multa para o sindicato dos professores passou para R$ 40 mil por dia. “A majoração da multa, contudo, mostrou-se ineficaz para efetivação da tutela judicial concedida”, diz o documento da Procuradoria Geral do Estado (PGE).

A PGE entrou com uma ação na Justiça do Paraná pedindo a cobrança de R$ 1,24 milhão da APP-Sindicato, referente a multa pelos 32 dias em que manteve a greve declarada ilegal. A ação foi encaminhada ao desembargador Luiz Mateus de Lima, nesta quinta-feira (28).

Foto: Aliocha Mauricio.
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