Depois de 45 dias parados, professores e funcionários da educação pública do Paraná decidiram, em assembleia na Vila Capanema, na manhã desta terça-feira (9), terminar a greve. Cerca de 10 mil servidores lotaram o estádio para a votação. Conforme a direção da APP-Sindicato, as aulas devem voltar nesta quarta-feira (10) e quinta-feira (11).

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Agora, a dúvida dos professores está em torno do cumprimento das garantias dadas pelo governo Beto Richa para que a paralisação acabasse. Segundo a App os três pedidos eram para que não houvesse punição aos trabalhadores e que as faltas não fossem descontadas. O governo também teria dado a garantia da retomada das discussões e negociações para melhorias e garantias salariais.

O resultado da votação, que aconteceu depois de seis defesas de voltar às aulas e outras seis de não acabar com a greve, foi baseado no sentido de que os professores e funcionários voltam às escolas, mas com a intenção de ganhar ainda mais a ajuda de alunos e pais. “Nós sairemos dessa greve de cabeça erguida, com condições de fazer muita luta ainda. E a nossa luta será dentro das escolas a partir de agora”, disse Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato.

Reposição das aulas

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O principal questionamento feito aos diretores da APP estava direcionado à reposição das aulas. A partir de agora os representantes do sindicato devem começar a definir como será essa reposição de todos os dias que os alunos ficaram em casa. O presidente da APP reconheceu ainda não saber se as aulas serão repostas totalmente até o dia 23 de dezembro ou se será preciso mais tempo. “Vamos discutir, analisar essa questão de forma crítica, pois é delicada”.

Na assembleia, ficou previamente definido que não caberá a cada escola definir como será a reposição e sim que essa definição partirá de uma organização do sindicato, em reunião com os 29 núcleos sindicais em todo o Paraná. O sindicato alertou ainda que os professores que não aderiram à greve e ficaram nas escolas deverão repor as aulas da mesma forma, pois o período não contará como aulas dadas. 

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Proposta

O projeto de lei, enviado nesta segunda-feira (8) pelo governo à Assembleia e aprovado pelos professores, estabelece o pagamento de reajuste de 3,45%, em parcela única, em outubro, pra todos os servidores. O valor é referente à inflação entre maio e dezembro de 2014. No início do próximo ano haverá reposição integral da inflação de 2015. Hoje, o índice projetado é de 8,37%.

Ainda de acordo com a APP, entre as promessas feitas pelo governo está ainda a devolução do dinheiro descontado de cerca de 20% (equivalente a 20 mil) funcionários, que tiveram faltas do mês de abril descontadas do pagamento. Os diretores que colocaram seus cargos à disposição durante a greve poderão voltar atrás da decisão e o processo será arquivado, de acordo com o sindicato. Já os contratos do Processo Seletivo Simplificado (PSS) serão mantidos.

Durante a manifestação dos professores mais de 200 pessoas ficaram feridas. Foto Daniel Castellano

Pra história

A greve dos professores, dividida em dois momentos que, juntos, durou mais de 70 dias, foi marcada pelo “Massacre d,o dia 29”, ocorrido em abril, quando manifestantes em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) foram agredidos pelas tropas da Polícia Militar. O enfrentamento terminou com mais de 200 professores feridos.

Entre as consequências dessa “batalha” está a queda do ex-secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, e também Fernando Xavier Ferreira, responsável pela Secretaria de Educação. Um dos principais motivos da queda de Francischini foi ter justificado que a ação da polícia aconteceu por conta da presença de ‘black blocks’ entre os professores.

O que aconteceu durante a greve

27 de abril: Deputados aprovam projeto que altera a Paranaprevidência

04 de maio: Professores definem terça-feira se greve continua ou não

06 de maio: Denúncias e reações ao ataque contra professores deixam Beto Richa acuado

11 de maio: Reunião vai debater questão salarial dos professores

12 de maio: Professores não voltam e servidores ameaçam greve geral no Paraná

27 de maio: Professores chamam proposta do governo de “indecente e imoral”

1° de junho: Alunos e pais angustiados com impasse entre governo e professores

1° de junho: Professores protestam em frente à casa do deputado Alexandre Curi

08 de junho: Professores tomaram café da manhã em frente à casa de Beto Richa