Professores debatem a melhoria no ensino do PR

Professores de todo o Estado estão reunidos em Curitiba na 3.º Conferência Estadual de Educação promovida pela APP-Sindicato. O objetivo é elaborar um plano contendo um diagnóstico da educação paranaense e propostas para resolver os problemas. O documento será entregue aos candidatos ao governo do Estado. O encontro começou na última quinta-feira e termina hoje.

“Vamos dizer ao governo o que deve mudar na educação. São os professores que sentem na pele os problemas”, explica a professora Márcia Oliveira, de Guarapuava. De acordo com o secretário de imprensa da APP-Sindicato, Miguel Baez, são quatro eixos centrais que vão nortear as discussões, entre eles a organização e gestão do sistema. Neste item a categoria defende que a escolha de diretores seja realizada por meio de eleição, que segundo ele, foi suprimida há pouco tempo. Também querem que o Conselho Estadual de Educação seja escolhido pela sociedade e não pelo governo.

Outro ponto levantado pela categoria é a organização do currículo. A aprovação automática é um alvo de grandes críticas dos educadores. Miguel afirma que a correção de fluxo e o supletivo podem ser usados, mas está se tornando uma prática comum. Eles substituem os cursos com um tempo maior de duração. “Não há opção para o aluno e têm empresas rejeitando esses estudantes porque eles não têm condições de assumir um emprego”, afirma.

Outra questão é a ampliação dos recursos dedicados à educação. De acordo com Miguel, a verba estadual para a educação hoje é de 25% do orçamento total do Estado A categoria quer que suba para 30%. Também em pauta, a reelaboração do Plano de Cargos e Carreiras, dando destaque para mais investimentos na formação dos professores.

Ontem pela manhã, a APP organizou uma palestra proferida pelo professor Gaudêncio Frigotto sobre a conjuntura educacional. Durante a tarde foram realizadas debates sobre temas variados como Educação Especial, Educação do Campo, Financiamento da Educação e Educação Indígena.

Falta estrutura aos índios

A índia Gilda Kutiá é professora na reserva indígena de Apucaraninha. Ela foi convidada para falar sobre a realidade educacional das aldeias. Segundo ela, a legislação garante muitos direitos, mas o Estado não dá condições para que as escolas funcionem como deveriam. Ela reclama que a estrutura física é muito precária e também não existem materiais didáticos destinados aos índios.

Outro problema é o atraso no pagamento de salários, ela afirma que ás vezes ficam até seis meses sem receber. “A gente nunca sabe quem tem que pagar nosso salário. Se é o governo do Estado, o município ou o Conselho Indígena”, reclama. Em algumas escolas de aldeias os professores não são índios, não sabem a língua indígena, dificultando a aprendizagem dos alunos.

A língua

A professora Déa Maria Ferreira, da Universidade Estadual de Guarapuava, defende que a educação de quinta a oitava séries e segundo grau deveria ser ministrada dentro da aldeia. Ela afirma que somente no ensino de 1ª a 4ª série isso ocorre. “Os índios são muito família, não gostam de sair. As crianças só aprendem a língua indígena. É um choque ir para a cidade estudar. Muitos desistem nesta primeira “, afirma. Ela avalia que, de cada cem índios, somente cinco chegam ao segundo grau.

A professora também luta para que os índios tenham as mesmas chances que outros estudantes de chegar à universidade. Para ela a lei que obriga as universidades a destinar três vagas para os índios foi um avanço, mas o ideal seria que todos tivessem as mesmas oportunidades. “A educação melhora tudo, a qualidade de vida, a visão sobre a sustentabilidade. O mundo se abre”, finaliza Déa. (EW)

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