Lentidão no sistema e muitas horas de espera marcaram o terceiro dia de distribuição de aulas para os professores da rede estadual de ensino. Há relatos de professores que chegaram a esperar mais de 20 horas para conseguir definir a grade horária que cumprirá em 2017 e casos de profissionais que ainda não conseguiram lotação para trabalhar neste anos.

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A Secretaria Estadual de Educação (Seed) admite que ocorreram problemas na operação do programa de distribuição de aula e também de instabilidades de conexão devido à sobrecarga do acesso. Segundo assessoria da secretaria, esse é o primeiro ano em que o processo está totalmente informatizado. Até 2016, alguns processos ainda eram preenchidos manualmente. A Celepar, órgão governamental, desenvolveu um sistema para automatizar todo o processo, que começou a ser operado em todo o estado agora.

Outro ponto que conturbou a distribuição foi a nova regra para a hora-atividade. A iniciativa do governo estadual de reduzir a hora-atividade fez com que os professores tivessem de se encaixar em mais tempo em sala de aula. A alteração mudou a distribuição de aulas em comparação ao que ocorria em anos anteriores. Por exemplo, um docente que trabalha sob regime de 20 horas e que antes dava 13 aulas e ficava 7 em hora-atividade, agora precisa ministrar 15 (ou 16, dependendo da disciplina) aulas em sala e ficar com o equivalente a 5 aulas para hora-atividade.

O processo de distribuição de aulas segue até a próxima sexta-feira (10), mas é escalonado de acordo com a situação funcional do professor. Quando a distribuição de aulas para os professores que tinham prioridade começou na quarta-feira (1.º) , também tiveram início os relatos de problemas.

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Docentes que tinha direito a trabalhar numa determinada escola não conseguiram preencher toda a carga horária em apenas um local e foram remanejados, chamados de “excedentes”, para buscar aulas em outros colégios. O encaixe se estendeu até sexta-feira (3). Dessa forma,quando começou a escala para os professores que não tinham direito estabelecido a uma determinada escola, já havia muita “aula picada”: ou seja, quantidade de atividades insuficiente para fechar a grade em apenas um local, gerando a necessidade de escolher várias escolas para completar a carga de trabalho.

Somado aos problemas técnicos no sistema, a situação gerou demora no processo de escolha. Vários professores relataram ter ido para a escola às 8 horas com a intenção de resolver a questão da distribuição de aulas e que, até o fim do dia, ainda não tinham sido atendidos. Foi o caso do Colégio Estadual de Educação Profissional do Paraná (CEEP), no Boqueirão, que concentrou a distribuição de aulas em Curitiba para as disciplinas de História, Geografia, Filosofia e Sociologia. O professor Rudimar Gomes Bertotti, por exemplo, só conseguiu ser atendido às 3h30 da madrugada deste sábado (4).

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O desfecho da distribuição variou de local para local. No Colégio Yvone Pimentel, onde estavam os professores de Educação Física, os funcionários decidiram que interromper as atividades às 22h30 de sexta e retomar na segunda-feira (6). A professora Regiana Massuchetto conta que chegou antes das 8 horas da manhã e saiu de lá sem aulas. “Eu só quero ir trabalhar. Com dignidade”, disse. Foram distribuídas senhas para o retorno. Em outras escolas houve votação entre os professores, que escolhiam ficar até o fim ou retornar em outro dia.

APP afirma que alertou sobre problemas e tentou mudar sistema

De acordo com o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão, a entidade vinha alertando o governo estadual há vários dias que a distribuição de aulas daria problema. Ele conta que a categoria está buscando na Justiça, e também em negociações com o governo, formas de suspender os efeitos da resolução 113, que reduziu a hora-atividade. Além disso, o sindicato reclama da estrutura oferecida. “O programa virtual é precário, com dificuldade de conexão. O sistema cai e precisa ficar reiniciando”, diz Leão.

Segundo a APP, em média apenas três professores são atendidos por hora. É que cada um que é chamado precisa ficar compondo, em escolas próximas, a carga horária. Há relatos de professores que vão atuar em cinco locais. “Há até pessoas que vão precisar trabalhar em duas cidades”, comenta. O sindicato alega que o problema se repetiu em todo o Paraná, mas que foi mais intenso em municípios de médio e grande porte. Uma assembleia está marcada para o dia 11, em Maringá, para que a categoria debata ações que serão tomadas.

Novo método evita privilégios, alega governo

A Seed admite que aconteceram problemas de travamento no sistema e que chefes de núcleos regionais relataram situações de insatisfação de alguns professores. Contudo, o governo alega que o novo método não permite privilégios e é mais transparente sobre o processo de escolha. Além disso, a justificativa oficial é de que a decisão de esperar até de madrugada foi dos próprios professores, uma vez que a distribuição poderia ser retomada em outro dia. Balanço divulgado no fim da tarde de sexta-feira (3) pela Seed informava que até aquele momento 58% das aulas já haviam sido distribuídas.