Professor conta história dos “alemães do Volga”

Que a colônia alemã no Paraná é grande e que muitas das tradições desse povo foram adquiridas pelos paranaenses é notório. Mas poucos sabem que um grupo de alemães, conhecidos como “alemães do Volga”, ajudou a construir várias cidades e distritos do Estado. Mariental, distrito da Lapa que comemorou 125 anos no último domingo, é um exemplo. O professor Estevão Müller, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), lançou no último final de semana o livro Os Ventos Sopram Liberdade, que conta epopéia de uma parcela do povo alemão desde sua ida para a Rússia até os dias atuais.

Nascido em Mariental e neto de um alemão do Volga ou Wolgadeutschen, como essas pessoas ficaram conhecidas, Müller levou oito anos pesquisando, ficando um ano em território alemão para fazer sua obra.

O professor contou que no século XVIII os alemães, principalmente os agricultores, passavam por sérias dificuldades devido às guerras dos 30 anos e dos sete anos. A czarina da Rússia, Catarina II, que era alemã, resolveu convocar parcela do povo alemão para ir habitar as localidades próximas do Rio Volga, o mais longo da Europa. Ela prometeu várias vantagens a eles, incluindo a isenção do serviço militar, a liberdade de profissão e a qualidade das terras. “Quando chegaram lá não era nada disso. Foram obrigados a se comprometer em trabalhar apenas na agricultura. Não tinham infra-estrutura nenhuma. Nos primeiros momentos, antes de fazerem as casas, tiveram que cavar a habitar o subsolo para se proteger do frio”, contou Müller, destacando que dos 30 mil alemães que foram no primeiro momento, cerca de 3 mil morreram já no caminho.

Entre 1764 e 1874 eles ganharam a cidadania russa, mesmo a contragosto da população do país, que os discriminava. Em1874, muitos Wolgadeutschen foram para as Américas, concentrando-se principalmente na Argentina, Estados Unidos, Canadá e em menor número no Brasil. Em 1878, a isenção militar acabou e quem discordasse era enviado para a Sibéria “O serviço militar era muito rígido, entre cinco e sete anos e geralmente envolvia guerras”, contou o professor, destacando que aqueles que ficaram tiveram outra fase ruim.

Já no período da 2.ª Guerra Mundial, Stalin tirou a cidadania russa dos moradores da regiões do Volga, que chegaram até a formar uma república semi-independente. “Ele roubou tudo, lacrou as casas e os mandou para a Sibéria”, destacou Müller, lembrando que o povo Wolgadeutschen chegou a atingir um número de setecentas mil pessoas.

Trigo

Na América o país que recebeu menos alemães do Volga foi o Brasil “As terras não eram boas para o plantio do trigo. Diferente da Argentina, que até hoje é um importante produtor de trigo devido à participação dos alemães do Volga que eram especializados nesse cultivo”, disse, destacando que o Paraná é o Estado brasileiro com maior quantidade de descendentes dos Wolgadeutschen.

Serviço: Os Ventos Sopram Liberdade podem ser adquiridos pelo telefone (41) 330-1695, com Regina.

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