Lucimar do Carmo / O Estado do Paraná
Mais de 150 produtores participam
ativamente das feiras em Curitiba.

A produtora rural Célia Ripka sai toda semana da região de Areia Branca, a 12 quilômetros de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba, para participar da feira do produtor na capital. Com a comercialização dos produtos, consegue sustentar os cinco membros da família. Assim como Célia, outros produtores da região têm nas feiras uma oportunidade para escoar a produção e ampliar os negócios.

O ex-bancário Eduardo Pandolfo, de Tijucas do Sul, resolveu investir na criação de frangos orgânicos e, há cinco anos, comercializa seus produtos em três feiras específicas em Curitiba. “As feiras são a minha sobrevivência”, diz, acrescentando que, além da comercialização direta, a feira acaba sendo um atrativo para outros negócios. Hoje ele recebe grupos de consumidores que vão conhecer a criação direto na propriedade, e acaba ampliando as vendas.

A Prefeitura de Curitiba promove seis opções de feiras na cidade. Entre elas estão o Direto da Roça (que acontece em 42 pontos diferentes da cidade), Feira Verde (orgânicos), Sacolão Curitibano (que trabalha com preço fixo de R$ 0,79 o quilo), e as feiras livres e noturnas que contam com a participação de outros segmentos, como gastronomia e artesanato, e são realizadas inclusive nos domingos.

O gerente do Mercado Produtor, José Carlos Koneski, afirma que mais de 150 produtores participam ativamente das feiras. Ele observa que o sucesso delas está no volume de comercialização. No primeiro semestre deste ano, foram vendidas 250 toneladas de produtos na Feira Verde, 500 toneladas no Direto da Roça e 12 mil toneladas no Sacolão Curitibano. Koneski atribui esse volume aos preços competitivos – que em alguns casos chegam a ser 50% menores que nos supermercados – e à qualidade. “O consumidor leva para casa produtos frescos e com procedência”, destacou.

Outro programa da Prefeitura existente há mais de sete anos é a Feira do Litoral. Além das duas edições semanais que reúnem pescados, frutos do mar, indústria caseira, artesanato e gastronomia típica, nas sextas-feiras e sábados são instalados nove pontos de venda de peixes e frutos do mar em locais periféricos da cidade. Durante a Semana Santa, no mês de abril, os pontos de venda são ampliados para atender à demanda – o volume comercializado em três dias já chegou a 100 toneladas. O coordenador das Feiras Especiais, Antônio Morales Ribeiro, destaca que a iniciativa visa trazer para Curitiba os produtos que só são encontrados no litoral. Mas para os produtores é uma oportunidade de renda o ano todo.

Emater

A Emater também promove semanalmente uma Feira Ecológica, que reúne a produção orgânica de 13 produtores da Região Metropolitana de Curitiba. O engenheiro agrônomo da empresa, João Carlos Zandoná, diz que a feira serve de vitrine para o trabalho de extensão desenvolvido pelos técnicos junto aos produtores. Além disso, é um canal de distribuição. “É uma oportunidade para os produtores escoarem a produção e mostrarem sua organização, que é a base da extensão rural”, resumiu.

Qualidade é o maior atrativo

A bordadeira Erna Rentz é uma consumidora assídua das feiras de produtores. A qualidade dos produtos é o principal atrativo para ela, que admite que compra alguns itens exclusivamente nas feiras, como o frango: “Apesar de não ter as ofertas dos mercados, a qualidade acaba compensando o preço”, disse. A dona de casa Berty Brozza Ribeiro também só compra peixe nas feiras: “Essa escolha é porque o produto está sempre fresco”.

E a preferência, quem agradece, são os produtores. Feirante há cinco anos, Jonas Ripka, de Campo Largo, dificilmente leva produtos de volta para a casa. Em apenas um dia, ele consegue vender 90 quilos de batata, 50 maços de cenoura e 60 cabeças de alface. “O meu único ponto de venda é a feira, e é dela que tiro o sustento da propriedade”, finalizou.

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