Procuram-se doadores de órgãos ou tecidos

Cerca de 68 mil pessoas esperam por um transplante de órgãos ou tecidos no Brasil. No ano passado, em todo território nacional, foram realizados apenas 14 mil procedimentos, o que significa que, no País, menos de 25% dos pacientes que aguardavam na fila de espera de doadores foram atendidos. Os dados são da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), que ontem deu início à 8.ª Campanha de Doação de Órgãos e Tecidos, em alusão ao Dia Nacional do Doador de Órgãos, que será comemorado amanhã.

Até o próximo final de semana, será realizada uma série de atividades de conscientização sobre o assunto em diversas cidades de todos os estados brasileiros. Segundo a presidente da ABTO, Maria Cristina Ribeiro de Castro, o Brasil tem um grande número de doadores em potencial, mas uma baixa quantidade de doadores efetivos. Isto acontece principalmente por dois motivos: problemas estruturais existentes nos serviços de saúde e recusa de familiares em doar os órgãos de parentes mortos.

No que diz respeito ao primeiro motivo, Maria Cristina diz que a falta de estrutura de alguns hospitais faz com que muitos doadores deixem de ser identificados pelos atendimentos de emergência e posteriormente notificados às centrais de transplante estaduais, que por sua vez confirmam morte encefálica e realizam consulta aos familiares da pessoa morta. Já a recusa familiar acontece principalmente devido ao desconhecimento dos familiares sobre a vontade do indivíduo falecido ser ou não doador.

?A recusa da família acontece em 36% dos casos, na maioria das vezes porque a pessoa que morreu nunca conversou com seus familiares sobre o assunto e manifestou em vida sua vontade de ser doadora. Por isso, nesta oitava edição da campanha nacional, estamos alertando as pessoas que conversem sobre doação e comuniquem a seus familiares que, em caso de óbito, desejam ser doadoras. Apenas a família pode autorizar a doação dos órgãos de um ente falecido?, afirma.

Paraná

No Paraná, de acordo com a assistente social da Central Estadual de Transplante, Edi Glaucia Repula, 4.928 pessoas aguardavam por um transplante até o último dia 31 de agosto. Ainda até esta data, foram realizados no Estado 348 transplantes de córneas, 24 de esclero, treze de coração, 28 de fígado, 137 de rim, um de pâncreas, quatro de rim e pâncreas, cinqüenta de ossos e 61 de válvulas cardíacas. Para que o número de cirurgias aumente, durante a campanha da ABTO serão distribuídos cartazes e folderes informativos em terminais de ônibus, unidades de saúde, hospitais e supermercados.

Apesar de ter o maior sistema público de transplantes do mundo, o governo brasileiro espera aumentar o número de doadores para zerar, até o ano que vem, a fila de espera por córneas e reduzir à metade a espera por medula óssea e outros órgãos. 

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