A Procuradoria Geral do Estado (PGE) ingressou ontem com novo agravo de instrumento junto ao Tribunal de Justiça (TJ), tentando ganhar mais tempo para a desocupação da fazenda da Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste. Apesar de não comentar o assunto, tudo leva a crer que o objetivo da PGE é tentar anular a multa imposta ao governador Roberto Requião de R$ 2 mil diários pelo descumprimento da reintegração de posse da área no prazo estipulado pela Justiça, que venceu na última terça-feira.
A PGE já havia ingressado anteontem na Justiça de Cascavel com pedido de extensão do prazo dado ao governo para a saída da Via Campesina do local, mas ainda não há resposta para a solicitação. Pedido semelhante também foi feito pelos integrantes do movimento quando do vencimento do prazo, também ainda não apreciado pelo juiz da 1.ª Vara Cível de Cascavel, Fabrício Mussi. Além disso, corre ainda no TJ outro agravo de instrumento, este impetrado pessoalmente por Requião com o objetivo de livrá-lo da multa.
Enquanto isso, a saída dos sem terra continua em ritmo lento. Aos poucos, eles transferem o acampamento para um assentamento vizinho e tentam colher o que podem das culturas que plantaram ao longo da ocupação. Ontem, não mais do que dez famílias haviam deixado a fazenda. A chuva tornou a retirada dos pertences ainda mais devagar.
Mesmo assim, Celso Barbosa, um dos líderes do movimento, diz que as famílias estão tranqüilas quanto ao prazo. ?Temos até terça-feira para sair?, afirma. Empenhados na colheita, ele conta que a maior parte das culturas de milho, arroz e feijão que plantaram já foi retirada. ?Falta apenas uma parte da mandioca, que vamos ter de deixar para a semana que vem.? Segundo o líder, pelo menos 60 toneladas da raiz já foram levadas para o novo acampamento.
Multa
Sem respostas por parte da Justiça em Cascavel e do TJ, a multa diária que cabe ao governador Roberto Requião pela não-desocupação total da fazenda no prazo estipulado continua correndo e hoje conta três dias. Os integrantes da Via Campesina ganham tempo para a desocupação.
Os advogados da Syngenta já informaram que vão aguardar a conclusão do juiz para tomarem providências a respeito. Eles prometem intervir judicialmente se preciso para que o governador pague pelos dias em que os sem terra permanecerem na fazenda após vencido o prazo oficial.