Procuradoria pede mais prazo para desocupar fazenda

A desocupação da fazenda da multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, pelos integrantes da Via Campesina continua a passos lentos. Enquanto isso, o governo do Estado atua com manobras para tentar livrar o governador Roberto Requião da multa diária de R$ 2 mil, que começou a valer à 0h de ontem, quando terminou o prazo de 15 dias dado pela Justiça para a reintegração de posse. Na tarde de ontem, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) protocolou mais um pedido na 1.ª Vara Cível de Cascavel, solicitando ao juiz Fabrício Mussi prazo de cinco a sete dias para que todos os sem terra deixem o local – reforçando pedido semelhante feito pela Via Campesina. A expectativa é que o juiz os aprecie na manhã de hoje.

Os sem terra começaram a deixar a fazenda na tarde de terça-feira, mas muitos pertences e barracos ainda restam na área. Ontem, segundo informações da Polícia Militar em Cascavel, o clima era tranqüilo na fazenda e a desmontagem do acampamento acontecia em ritmo lento. ?Não há grandes movimentações como as que geralmente acontecem nas reintegrações de posse. Nem mesmo a Via Campesina sabe precisar quantos ainda restam na fazenda?, disse o tenente Reinaldo Machado.

Mesmo assim, Celso Barbosa, um dos líderes da Via Campesina, informou que seu pessoal está saindo. ?A maior parte da estrutura das barracas já está montada no outro acampamento (assentamento Olga Benário). Agora estamos levando os pertences?, contou. As famílias, entretanto, ainda estariam divididas entre um local e outro. Elas também tentam colher o que podem das plantações de milho e mandioca que cultivavam.

E a multa?

Em vista de o juiz Fabrício Mussi não ter apreciado os pedidos da Via Campesina e da PGE para estender o prazo da retirada, somado ao fato de o Tribunal de Justiça não ter ainda julgado o recurso interposto pelo governador para tentar reverter a situação, paira no ar a dúvida se a multa imposta a Requião deve ou não ser paga. A advogada da Syngenta, Rogéria Dotti Dória, diz que sim e garante que vai lutar judicialmente, se preciso, para que isso aconteça. ?Se vier decisão do juiz de suspendê-la, vamos recorrer?, afirma.

O pedido da PGE de mais prazo também indignou a advogada. ?É medida, no mínimo, inusitada, e uma clara demonstração de que o governo do Paraná é conivente com essa atitude criminosa dos invasores?, classifica Rogéria. A reportagem de O Estado tentou mais uma vez contatar a advogada de Requião, Ivana Cordeiro, mas não obteve sucesso. Já a assessoria de imprensa da PGE ficou de dar um posicionamento a respeito do pedido de extensão do prazo, mas não houve retorno.

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