O Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho foi lembrado em Curitiba com uma ação conjunta da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), do Sindicato dos Técnicos em Segurança do Paraná e da Associação de Defesa dos Lesionados no Trabalho do Estado do Paraná. Representantes das entidades se reuniram na Boca Maldita para distribuir panfletos e divulgar números impressionantes em um telão.
No Paraná, aconteceram 30 mil acidentes de trabalho em 2005, resultando em quase 200 mortes. No Brasil, foram 2.800 vítimas fatais e 12 mil inválidos.
Segundo o superintendente da DRT, Geraldo Serathiuk, com base no Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho, os números aumentaram proporcionalmente à ampliação do número de empregos. "O crescimento deve trazer geração de empregos, mas também de investimentos em ações de prevenção de acidentes", diz.
Um dos principais motivos dos acidentes realmente é a falta de treinamento, que trabalha em favor da prevenção. "O problema é que os empregadores preferem gastar posteriormente em ações trabalhistas ou sobrecarregar a Previdência do que investir em treinamento", diz Adir Souza, presidente do Sindicato dos Técnicos em Segurança do Paraná. Segundo ele, apesar do número de denúncias dos trabalhadores ter aumentado, o movimento no Brasil ainda é muito tímido, já que o temor às represálias muitas vezes deixa o trabalhador submisso, agüentando condições insalubres de trabalho. "Não faz parte da nossa cultura e sinto que há um resquício da ditadura, já que há um freio à democracia."
Na avaliação de Souza, esse receio freia o trabalho das comissões internas de prevenção de acidentes – as Cipas, já que a estabilidade da função é de apenas um ano. "O que tem que mudar é a mentalidade dos empregadores e a conscientização do problema através de ações do poder público." Souza cita como exemplo as campanhas federais contra a dengue, que no ano passado matou 42 pessoas. "Talvez se houvesse uma campanha tão efetiva quanto a da dengue para os acidentes de trabalho, o problema não fosse tão grave."
O médico Paulo Coelho, presidente da Associação de Defesa dos Lesionados no Trabalho do Estado do Paraná (ADLT), informa que as lesões mais comuns são de ordem biomecânicas e envolvem trabalhadores em fábricas, onde o esforço costuma ser repetitivo. Outro problema é o excesso de horas seguidas numa mesma função. "Com a criação do banco de horas, um engodo para o trabalhador, alguns são submetidos a muitas horas a mais de trabalho, o que aumenta o risco de acidentes. Mesmo com um dia de descanso, ele não consegue compensar o excesso dos dias anteriores."