Presos fazem enfeites de Natal com garrafas plásticas

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A primeira experiência
de artesanato de dez presos.

Os presos da Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara, são os responsáveis pela decoração de Natal da Secretaria de Estado da Justiça e de mais três empresas em Curitiba. As mãos que um dia se juntaram para praticar algum delito se uniram para transformar garrafas de plástico em arte. São pinheiros, guirlandas, velas e outros enfeites. O espetáculo fica mais bonito à noite, quando as luzes das garrafas se acendem, refletindo o desejo dos presos de uma vida nova. A decoração foi inaugurada ontem.

O projeto foi criado pelo mímico Everton Ferre. Desde junho, ele realiza espetáculos em Curitiba e Região Metropolitana para arrecadar as 300 mil garrafas. "Ao mesmo tempo em que levamos arte para as regiões carentes, conseguimos as garrafas", conta. O material foi para a CPA e lá se transformou em enfeites natalinos.

Antônio Silva de Souza, 27 anos, começou a participar do projeto em novembro. "O material que a gente cortou se transformou em lindas flores e enfeites", se empolga. Foi na prisão que ele teve o primeiro contato com o artesanato e nas horas de folga começou a fazer enfeites para vender e arrecadar um dinheiro extra. Ele faz canetas, pulseiras e bonecas. "Quem se interessa, compra", revela. Quando sair da CPA, Antônio quer uma vida melhor, arranjar um bom emprego e não pensa em abandonar o artesanato.

Paulo Roberto Rocha, 42 anos, também participou do projeto. É a primeira vez que a sua mão lida com arte tão delicada para enfeitar o Natal. "O trabalho ficou bom, muito bonito", comemora. No entanto, os presos ainda não tiveram a oportunidade de ver como a decoração ficou. Durante o dia, o que chama a atenção dos visitantes na Secretaria da Justiça é a árvore de quase três metros de altura, no salão de entrada. Mas à noite, o espetáculo fica completo, com as luzes acesas, que se refletem nas guirlandas e velas em todas as janelas da fachada do prédio.

Dez presos estiveram envolvidos na atividade e receberão um salário mínimo de recompensa. Além disso, a cada três dias de trabalho reduzem um dia de pena. Ano que vem, Ferre quer ampliar o número de detentos envolvidos. "Para isso precisamos aumentar os pedidos", fala. Ele espera atrair a atenção de pelo menos mais trinta empresários e da Prefeitura.

O mímico Ferre começou a enfeitar o Natal com garrafas em 2000, na cidade de Medianeira, Oeste do Estado. Foram usadas 35 mil garrafas para decorar o município, que recebeu cerca de 100 mil visitantes. Depois foi a vez das cidades de Foz do Iguaçu e Gramado (RS) aderirem à idéia. "Além de deixar a cidade mais bonita, também ajuda a preservar o meio ambiente", comenta.

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