Presidente do Ippuc diz que Curitiba está pronta para a Copa

No final de maio, representantes da Federação Internacional de Futebol e Associados (Fifa), que estiveram em Curitiba no em 1.º de fevereiro, irão anunciar quais serão as 12 sedes brasileiras da Copa do Mundo de Futebol de 2014.

Em entrevista exclusiva para O Estado, o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Cléver de Almeida, afirma que a cidade está preparada para receber os jogos da competição e, mesmo se não for uma das sedes escolhidas, projetos como o metrô e melhorias na infraestrutura, já programados para receber a copa, sairão do papel.

O Estado – Quais são os pontos fortes de Curitiba para sediar a Copa de 2014?

Cléver de Almeida – A infraestrutura que temos na cidade. Curitiba está ao longo do tempo fazendo sua lição de casa. Teríamos menos adaptações ou mais obras por fazer para receber um evento desse porte do que as outras cidades, caso não tivéssemos trabalhado intensamente no desenvolvimento da capital ao longo dos anos.

OE – A Copa pode ser a real oportunidade para que projetos antigos se tornem realidade e sejam colocados em prática como o metrô, por exemplo?

CA – Sim, pode nos ajudar. O metrô é um projeto que nasceu antes da candidatura à Copa. É uma necessidade da cidade independente da competição. Mas, evidentemente que um evento dessa natureza pode facilitar a viabilização do empreendimento, que tem a Copa como uma data concreta para conclusão.

OE – Quais são as principais intervenções urbanas que já estão sendo planejadas?

CA – A proposta de Curitiba para ser uma das sedes da Copa não pode ser divulgada, bem como suas ações. Foi um sigilo solicitado pela Fifa. Mas temos uma série de investimentos, ao todo R$ 4 bilhões, que serão aplicados ao longo dos próximos anos para viabilização de diversas intervenções na cidade, como por exemplo, a melhoria na questão de mobilidade, o metrô – responsável por R$ 2 bilhões desse valor – a pavimentação de diversas ruas, abertura de novas ligações viárias, melhorias no sistema semafórico, circuito fechado de TV para regiões mais centrais da cidade, monitoramento no transporte coletivo, melhorias e ampliação de terminais de ônibus. São investimentos previstos tanto com recursos próprios quanto alguns vindos do governo federal. Temos um grande elenco de obras que buscam a melhoria da mobilidade e infraestrutura da cidade como um todo.

OE – A bicicleta foi considerada um meio de transporte em muitos países que sediaram a Copa. Existem projetos de ampliação das ciclovias na cidade?

CA – A questão da bicicleta é uma cultura. Estamos prevendo campanhas educativas para inserir a bicicleta como mais um ator no asfalto e como um modo de deslocamento no dia-a-dia das pessoas. A rua não é do carro. É de todo mundo. Temos que compartilhar isso. Estamos sim com uma intenção de ampliar a rede na cidade muito grande.

OE – A Fifa estipulou o prazo para conclusão das obras até 2013. Haverá tempo hábil?

CA – A cidade é uma questão dinâmica e continuará em 2015, 2016 e assim por diante. Temos um calendário de obras: o que não ficar pronto em 2014, ficará em 2015, quando até mesmo outras obras deverão acontecer. Ou seja, é um projeto dinâmico de melhoria e aprimoramento da qualidade de vida da cidade e não simplesmente para receber a Copa.

OE – Caso Curitiba não seja escolhida pelos representantes da Fifa, os projetos serão concretizados mesmo assim?

CA – Sem dúvida. Com relação ao metrô, temos um marco para deixar tudo pronto até a Copa, independente de que ela aconteça ou não. Agora, nada impede que caso a cidade não venha a ser uma das sedes, todo esse elenco de obras e essas necessidades deixem de ser concretizadas. A necessidade da capital perman,ece. Essa é uma das questões que até a Fifa coloca. Não é uma obra apenas para um evento de 40 dias, que no caso de Curitiba teria uma duração de 18 dias. Não estamos trabalhando em um investimento para poucos dias e sim num investimento para toda a vida da cidade.

OE – Sobre as questões de saúde pública e segurança, Curitiba está adequada para receber a Copa nesses aspectos?

CA – Sim. A cidade é um processo contínuo. Sempre existem necessidades que vão aparecendo. Em termos de saúde pública, Curitiba tem uma boa rede. Todos afirmam, inclusive, que o SUS (Sistema Único de Saúde) em Curitiba é referência para o Brasil inteiro. Sobre a segurança, a prefeitura, apesar de não ser responsável por esse ponto, vem sempre trabalhando em parceria com o governo do Estado no aumento do efetivo da Guarda Municipal e instalação de câmeras de vigilância.

OE – Que tipo de projeção a Copa dará para Curitiba?

CA – A estrutura que a cidade vai ganhar ao longo desses anos e a visibilidade que teremos é o grande legado que um evento desse porte deixa na cidade. Temos uma expectativa muito grande e exemplos no mundo de cidades que tiveram a felicidade de sediar a Copa e deram um salto grande de qualidade. Acredito que estamos trabalhando dentro dessa lógica e seguindo esse caminho, que não é apenas para Curitiba, mas para o Paraná inteiro. Até mesmo o porto de Paranaguá, onde o governo do Estado apresentou uma perspectiva de termos um atracadouro para receber navios, poderá se tornar uma porta de entrada para turistas. Trata-se de um benefício para todo o Estado do Paraná e não apenas para Curitiba.

OE – O Aeroporto Internacional Afonso Pena tem condições de operar durante a Copa?

CA – Sim, temos uma programação de mudanças que a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) mostrou aos representantes da Fifa para ampliação do Aeroporto Afonso Pena. Já foi estabelecido em que a Infraero deve realizar mudanças no local até a Copa. Não vejo problemas com a nossa estrutura aeroportuária para a candidatura.

OE – O que poderia trazer algum problema para a cidade caso seja escolhida?

CA – Curitiba já tem um patamar de qualidade e infraestrutura que não nos exige uma quantidade de investimentos muito grande para cumprimento das normas da Fifa. Não vejo nenhum fator negativo em nenhuma área que possa nos prejudicar. De maneira geral, temos um conjunto de quesitos que nos coloca em excelentes condições se compararmos com outros candidatos. Curitiba pensou na Copa antes mesmo da Copa pensar em Curitiba.

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